quinta-feira, 28 de abril de 2011

Bells Beach, o paraíso do surfe!


Trilhas entre as praias...

Jan Juc e suas pedreiras monumentais!

Jan Juc do alto!

Bells Beach, pequenina e poderosa!

No mar sem ondas em Bells, vale apelar aos céus!

Vestígios da Rip Curl!
Quase na final!
 Apesar da semântica afirmar que sou “aquela que vem do mar”, não sou uma pessoa “marítima”. Sou muito capricorniana, mais chegada na certeza de um chão, mesmo que de areia, do que na inconstância de águas volúveis, à mercê de correntes. Prefiro a segurança de um passo à incerteza de um mergulho. Gosto de ir à praia para andar, ou descansar numa sombra, enquanto analiso o movimento geral das pessoas, dos surfistas, dos cachorros, sem me render às águas geladas. E foi isso o que fizemos, eu e o Mário, logo após a Páscoa, um tour por algumas das praias mais famosas do mundo.

A 100 km de Melbourne, na cidade de Torquay, fica Bells Beach, onde há 50 anos acontece a mais longa competição de surf do mundo, a Rip Curl! O evento dura 11 dias e acontece anualmente. Este ano, conforme consta no site da competição, as provas começaram no dia 19 e deveriam terminar no dia 30, mas não foi bem o que aconteceu... Isso porque nós chegamos lá dia 29 para conferir as finais e descobrimos que o último dia havia sido no domingo de Páscoa. Com isso, foi por água abaixo o sonho de testemunhar o torneio (e de me deparar com o Kelly Slater). Mesmo assim, valeu a visita à meca do surfe.

Bells Beach é linda. Pequenina e selvagem. Fica numa reserva ecológica, portanto, não há civilização alguma em seu entorno. As praias vizinhas - Torquay e Jan Juc (as mais próximas) são igualmente lindas, apesar de mais povoadas, e também merecem uma visita. Estão dispostas por uma das costas mais deslumbrantes do planeta, visível pela estrada Great Ocean Road. São 243 km de estradas com vistas espetaculares, apreciando as formações rochosas enormes que penetram mar adentro, começando em Torquay e terminando em Allansford. O ápice das formações e dos suspiros acontece com a visão dos "twelve apostles", ou Doze Apóstolos”, entre as cidades de Princetown e Peterborough, que veremos numa próxima viagem.

O ideal é percorrer toda a estrada de carro, com tempo, se possível em mais de um dia. Mas como desta vez, nossa ambição era ver apenas o torneio, fomos de trem e ônibus. Tomamos um trem na Southern Cross Melbourne Station para Geelong, uma cidade que também vale a pena conhecer! Da própria estação de trem e com a mesma passagem (que custou 17 Dólares ida e volta), pegamos o ônibus e em 30 minutos chegamos a Torquay. Nós descemos na segunda parada, que fica logo após passar um centro comercial bem turístico, com as mais famosas lojas de surf do mundo, perto do maior museu do surf que existe.

Caminhando por cerca de meia hora pela cidade, chegamos à praia. Bem tranquila, ampla, mar aberto. Seguindo pelas trilhas que costeiam a praia, rumamos para a vizinha Jan Juc. Uma praia comprida, com encostas de pedras gigantes, um mar azul incrível. Foi lá aonde vimos surfistas aos montes, talvez nostálgicos pelo fim da Rip Curl em Bells Beach, dando shows nas ondas.

Mais uma hora de caminhada pelas trilhas, circundados por um visual paradisíaco, e chegamos à cobiçada Bells Beach. Cartazes de lojas, fotos de surfistas, o placar com os resultados e rock tocando no máximo volume eram os únicos vestígios da competição. A praia estava quase deserta, o mar flat, sem onda alguma, nenhum surfista no mar. Ficamos lá, eu e o Mário, andando pelas pedras, analisando o movimento fim de festa na praia, imaginando como teria sido ver aquela praia tão pequena, se tornar imensa aos olhos do mundo do surfe. Descobrimos pelos quadros de classificação que Kelly Slater foi eliminado nas quartas de final pelo brasileiro Adriano de Souza, o "Mineirinho", que por sua vez foi eliminado nas semifinais pelo campeão Joel Parkinson, e isso nos deu certo orgulho.

O pôr do sol nos anunciava hora de retornar. Hora de voltar às trilhas, passar por Jan Juc, pegar o ônibus em Torquay e o trem em Geelong. Uma longa viagem nos esperava, bem como um imprevisto no meio do caminho. O encontro fatídico de uma escada velha com uma pessoa desastrada; ou uma pessoa velha, com uma escada desastrada, tanto faz. O que importa foi o saldo do encontro: um entorce de tornozelo com alguns ligamentos rompidos. E algumas semanas de molho, de muletas, de saco cheio... Talvez com isso eu aprenda uma lição; talvez eu devesse rever os meus conceitos, revisitar meu signo, me apropriar de meu nome, e questionar se alguns mergulhos na vida não seriam mais certos do que certos passos que damos em falso!

2 comentários:

Jo Turquezza disse...

Pena que se machucou, mas lembre dos belos momentos e do visual e diga se não valeu mais? rsrs

Marina disse...

Valeu sim, antes um tombo na escada antiga de Bells Beach, com vista para o oceano azul, do que um tombo no banheiro escorregadio, com vista para a privada! Rsrsrs Parece que foi por uma boa causa pelo menos...