quarta-feira, 30 de março de 2011

Melbourne, no roteiro da boa (e doida) mesa!

Os deliciosos rolls, em todo lugar e pra todos os bolsos!
 
Eureka 89, um lugar onde se come com os olhos...

Tramcar, um banquete pela cidade!

St Kilda, com suas várias opções de restaurantes...

Melbourne pode não ser tão cobiçada pelos turistas como Sidney, ou a Gold Coast, com suas praias maravilhosas. Mas a vida cultural da cidade é muito intensa e a população se gaba também de ter uma das melhores gastronomias da Austrália. Com uma fusão bem sucedida de ingredientes e técnicas culinárias importadas do mundo todo, Melbourne serve pratos para os mais variados bolsos e paladares.

Do tradicional “fish and chips”, herdado da metrópole inglesa, até os famosos “rolls”, sushis gigantes vendidos por $2,50 em todas as esquinas da cidade, encontra-se um pouco de tudo para comer. O ingrediente que mais faz sucesso na cidade, no entanto, é algo que não se põe à mesa: é a atmosfera dos restaurantes!

Digo isso, não só pela multiplicidade de lugares lindos, com candelabros de cristal, shows ao vivo e mesinhas na calçada; mas também pelas alternativas pouco convencionais de restaurantes, que Melbourne dispõe a seus moradores e visitantes. Jantar numa espécie de bonde vintage, enquanto se percorre as belas ruas de da cidade; refestelar-se num banquete exatamente igual ao servido aos finados hóspedes do Titanic, num ambiente que remonta à noite do naufrágio, e sobrevoar paisagens idílicas enquanto se saboreia pratos divinos, são algumas opções criativas da boa mesa em Melbourne.

Para sentir o gostinho desse tempero único, essa pitada de atrevimento que alguns estabelecimentos daqui usam para dar água na boca de seus clientes, vale reservar uma mesa (ou um assento, ou vestir uma boia, ou apertar os cintos...), e preparar o bolso para um pequeno rombo; ou não...

Afinal, quem falou que para se comer bem é preciso gastar muito? Com a proposta de servir refeições saudáveis e vegetarianas, o Lentil as Anything acredita na filosofia “Pay as you Feel”, ou seja, de que o cliente deve pagar o quanto achar que vale o que comeu! Não há valores no cardápio, paga-se o quanto quiser, na base da confiança. São três endereços na cidade, mas o mais bacana, em minha opinião, é o que fica em St Kilda. O ambiente é casual, geralmente com filmes, apresentações musicais e performances variadas.

E por que não jantar e fazer um city tour por Melbourne ao mesmo tempo? É só embarcar no Colonial Tramcar Restaurant, um bondinho vintage que percorre as ruas da cidade enquanto serve pratos refinados aos 36 passageiros que dividem a experiência por vez. Há várias opções de horários e menus, com preços que vão de $82 a $137 dólares por pessoa.

Já dizia o poeta “viver não é preciso, navegar é preciso”. E é com essa filosofia que os amantes da boa mesa devem embarcar no navio-restaurante Spirit of Melbourne para ter um jantar inesquecível. Nada poderá ser mais romântico do que uma ceia a dois, navegando ao longo do Rio Yarra. Há cruzeiros temáticos, como o de dia dos namorados, Natal, Réveillon e até casamentos a bordo.

Para os aficionados na tragédia do Titanic, é imperdível uma noite no Titanic Theatre Restaurant. Por 79 Dólares, o hóspede, ou melhor, o cliente, desfruta de um jantar dançante e de uma apresentação teatral, num ambiente que recria nos mínimos detalhes toda a noite do naufrágio. A diferença é que tudo é feito com muito bom humor e todos sobrevivem no final!

Mas para os que preferem as alturas às profundezas, aqui vão duas alternativas memoráveis de jantares:

No último andar do Edifíco Eureka, a 300 metros do chão e com vistas espetaculares da cidade, funciona o chiquíssimo Eureka 89. De quarta a sábado, o restaurante oferece o “menu degustação”, além de cardápios comemorativos para datas especiais e eventos. Com culinária de primeira, num ambiente luxuoso, cheio de gente moderna e descolada, o Eureka 89 seria perfeito, se não fosse um detalhe: os preços! Como só são revelados sob consulta, entende-se que a conta deva também ser lá nas alturas!

E para fechar essa viagem culinária, vai a dica do Gooney Bird, um avião modelo DC3, daqueles antigões, que sobrevoa bem baixo algumas paisagens de cartão postal de Victoria. Entre os roteiros, estão os 12 Apóstolos, a baía de Melbourne e a região de Coonawarra, onde pousa para um brinde em vinícolas da região.

Então, se apesar de todas as suas belezas e atrativos, Melbourne ainda não estava no seu roteiro da Austrália, quem sabe com estas opções não vale ao menos fazer uma escala para jantar?

terça-feira, 29 de março de 2011

Austrália, a ovelha negra da família Real!


Uma mochila nas costas e um sonho pela frente...


Estilo Aussie de curtir o agora!


Uma terra que abraça outros povos e culturas...


Viva Multicultural Festival, com gente do mundo todo!


Um dos encantos que fazem querer ficar!

Uma das coisas que mais me chamaram a atenção desde que finquei minha bandeirinha brasileira aqui em Melbourne foi o estilo de vida do australiano. Ou melhor, da população da Austrália, porque com mais de 25% dos residentes sendo nativos de outras nações  (os britânicos em primeiro lugar, depois europeus de outros países, seguidos por imigrantes da Nova Zelândia, China e Índia), fica complicado falar só em “australianos”. 

Depois de ter morado na Inglaterra, cheguei à conclusão de que a colônia britânica aqui foi uma “ovelha negra” da família Real, rebelde aos princípios da tradição pregados e até hoje seguidos pelos ingleses. Digo isso, com base em algumas comparações que tenho feito até agora. Diferentemente da cultura britânica, percebo que o povo na Austrália não cultiva o passado, construído ao longo dos mais de dois mil anos de civilização de sua metrópole; não ressentem o peso de guerras; não endeusam o nome de guerreiros sanguinolentos; não veneram as igrejas góticas, românicas ou protesantes; e também não fecharam suas fronteiras para quase todo o mundo, despachando sem delongas quem quiser ficar para um cafezinho.

Ao contrário, aqui sinto que eles veneram o presente e a quebra de paradigmas; cultivam a leveza, típica das crianças que ainda estão se descobrindo, em seus pouco mais de 200 anos de história (desde 1770, ano em que o explorador e capitão James Cook chegou por essas bandas e reinvidicou o continente para os ingleses); eles endeusam os templos do surf; reverenciam as dádivas da natureza; seduzem e convidam o mundo para que fique pra depois do jantar.

Não que a população aqui não vá às igrejas, não tome o chá das cinco, ou não celebre o Remembrance Day; eles fazem tudo isso. Mas o peso que se dá a estes eventos parece ser infinitamente menor do que o que seus colonizadores dão. O olhar do britânico, a meu ver, apesar de muito simpático, é sempre meio contaminado por uma nostalgia, um luto, uma culpa, pelo medo. Aqui, o olhar do povo é mais espontâneo, mais objetivo, mais livre e mais destemido, como o de toda boa ovelha negra deve ser.

Enquanto as opções de lazer são muito mais indoors no Reino Unido, na Austrália há mais o que fazer ao ar livre. Por lá, vai-se aos museus, todos gratuitos, reverenciar o passado; por aqui vai-se para as ruas, reverenciar o presente. Sim, porque apesar do clima instável de Melbourne e do friozinho que faz aqui (clima semelhante ao de Curitiba!), o povo vive na rua. Há uma infinidade de cafés e restaurantes com mesinhas nas calçadas, que estão sempre lotados, a qualquer hora do dia, faça chuva, faça sol. Em vez de academias, o povo prefere se exercitar ao ar livre; correm na praia, nos jardins botânicos, nas ruas; só não ficam dentro de casa! E além de viajarem muito pelo país, as pessoas usufruem dos inúmeros festivais e eventos que as prefeituras e associações promovem durante o ano inteiro.

O astral é sempre otimista, de festa. Se Hemingway tivesse passado por aqui, talvez tivesse escrito “Melbourne, e não Paris, é uma Festa!”. Nestas minhas primeiras quatro semanas em Melbourne, já fui a três festivais de peso: O Moomba Festival; o Food and Wine e o Viva Multicultural. Todos gratuitos, ao ar livre e com grande público. Mas a agenda de festivais não para por aí. Só em Melbourne, há ainda mais de 20 festivais previstos para 2011! Isso sem contar os eventos anuais, o Australian Open, Grand Prix de Melbourne, campeonatos de golfe, ciclismo, corridas de cavalos, etc.

Quem vem estudar inglês na Austrália, deve saber que o desafio é maior aqui. Além do sotaque fortíssimo do povo, há muitas gírias, que dificultam bem o aprendizado da língua. E as tentações outdoors são muitas... Por isso talvez, o aprendizado da língua se dê bastante fora das salas de aula, no dia a dia, no contato com os locais. Já na Inglaterra, nada que uma boa e quentinha sala de aula, com horas a fio entre livros e cds, não resolvam... 

A Austrália pode até ter fama de fácil e disponível, rebelde e atrevida, de distante e perigosa, diferente de sua "mãetrópole" Real, sempre se fazendo de difícil, certinha, diplomática e segura.  Não que a metrópole mãe não seja um lugar lindo e feliz para se viver, mas em termos de entretenimento e qualidade de vida, a colônia britânica sai na frente. Cada vez mais, a Austrália conquista legiões de fãs apaixonados, prontos a deixar tudo pra trás em busca de seus encantos.  Talvez, esse poder de conquista seja seu maior trunfo, afinal tem sempre que existir  uma grande compensação em ser a “ovelha negra” da família!

domingo, 27 de março de 2011

O jeitinho brasileiro e o GP da Austrália: como assisti à corrida na faixa!

Jeitinho Australiano de ver o GP...
Jeitinho Brasileiro de ver o GP!
E nós demos a largada!

As carroças indo pra revisão depois da corrida
Pódium verde e amarelo!

Show entre os vips...

Piloto indiano? Saiu em tanta foto...

Quando assisti ao GP de Interlagos em 2010, tive certeza de que nunca mais assistiria a outra corrida de F1. Tablados sujos, banheiros químicos, tarados e bêbados à solta nas arquibancadas e barulho ensurdecedor não compensam a torcida por Barrichello ou Massa (talvez compensassem por Senna...). Mas um ano se passou, e aqui, do outro lado do mundo, começou a me dar uma coceirinha pra assistir ao GP da Austrália.

Não sei se foi o barulho dos motores nos treinos, repercutindo pela cidade por três dias, cobiçando minha imaginação; ou se foi a multidão que baixou em Melbourne de repente para assistir à corrida; nem mesmo se foi uma vontade de dar ao esporte uma segunda chance, para apagar a má impressão da primeira experiência. O fato é que no domingo de sol que fez dia 27 de março de 2011, eu e o Mário estávamos inconformados de não ir assistir ao Grande Prêmio.

No mesmo dia e horário, acontecia um Festival Multicultural muito interessante na sempre animada Federation Square, com shows de artistas internacionais, barraquinhas de comidas étnicas, performances teatrais, etc. Estávamos os dois curtindo o festival, quando próximo às cinco da tarde, horário da bandeirada, vimos um imenso avião da Qantas sobrevoando muito baixo, o Albert Park, onde fica o autódromo. “Foi um sinal”, pensamos. A Qantas é a patrocinadora oficial do evento e foi ela, que nos conduziu de SP à Melbourne, que nos conduziu também ao GP da Austrália.

Deslumbrados com a visão daquele gigante cortando o disputado céu de Melbourne, entre os arranha-céus, nós decidimos mandar o festival pro espaço e correr em busca do primeiro tram que víssemos para chegar ao Albert Park. Assim que descemos, fomos tomados pela adrenalina da algazarra dos motores e acompanhamos as primeiras voltas fazendo o “circuito dos muquiranas”, pelo lado de fora do autódromo. Mas não estávamos sozinhos, centenas de pessoas faziam o mesmo e se espremiam em varandas, janelas e sobre as árvores em busca de uma fresta no alambrado, que permitisse enxergar alguma coisa.

Mas de que adiantaria carregarmos o “carma” de sermos brasileiros se não houvesse alguma compensação? Cansados de fazer acrobacias entre arames farpados e tocos de árvore, fomos tomados pelo “jeitinho brasileiro” e passamos na frente da concorrência, direto pra dentro do autódromo. Bastou fazer um olhar do “gato de botas” pro guardinha na entrada do Grand Prix e dizer que não havia mais ingressos pra comprar, que em um segundo estávamos junto com os Vips, vendo a corrida de camarote! Ok, nossa cara de pau não foi tão grande assim, mas circulamos por quase tudo e tivemos uma excelente visão da corrida.

Nada de banheiros químicos, nada de bêbados ou tarados; o GP de Melbourne é 100% civilizado e emocionante! Como o autódromo é dentro de um parque, no entorno da pista são montados shows, parque de diversões, barraquinhas de comidas, bebidas e de merchandise das marcas. Ressalto, tudo limpo, bonito e organizado!

Terminada a prova, nós e uma multidão pulamos a cerca que separa a arquibancada da pista e percorremos todo o trajeto da corrida! Vimos os carros batidos sendo guinchados, os carros vencedores entrando nos boxes para a revisão, celebrities da F1 dando autógrafos e, de quebra, ainda assistimos a um show de rock entre os descolados do pedaço!

No fim, Vettel venceu, Massa chegou em sétimo e Barrichello abandonou a prova. Mesmo assim, consideramos o pódio verde e amarelo, porque depois desta experiência incrível patrocinada pelo nosso “jeitinho brasileiro”, eu e o Mário nos demos por vencedores!

terça-feira, 22 de março de 2011

A vida selvagem na Austrália


Os malvados se exibem...


Os bonzinhos se escondem!

Esqueceram de colocar "água congelante!"


Águas pouco amigas...

Lê-se, "pique a mula!"

Jelly fishes assassinas!!

Rolling stones, ou seriam Rolling Cows?

Ops!


Antes de eu vir morar em Melbourne, minha mãe teve uma crise de negação. Simplesmente se recusou a crer que eu viria pro outro lado do mundo, e pior, para ela, o lugar mais perigoso do mundo! Nem Líbia, nem Arábia Saudita, nem a caverna do Bin Laden poderiam, em sua mente, ser lugares mais ameaçadores do que a Austrália. Isso porque mesmo sendo o continente mais antigo do planeta, sua ocupação é muito recente (a colonização inglesa começou em 1788) e talvez por essa razão, o homem ainda não reine absoluto por aqui. A Rainha Elizabeth II pode até achar que apita um pouco por estas bandas, mas na prática, quem reina soberana mesmo ainda é a vida selvagem.

Não bastasse a camada de ozônio se parecer com um queijo suíço sobre a Austrália, tornando as estatísticas de câncer de pele no país as maiores do mundo, nem as praias serem tão perigosas, com correntes traiçoeiras e ondas imprevisíveis, que deixem até surfista desorientado; nem bastasse o tráfego ter mão inglesa, indo contra a lógica do nosso cérebro ocidental, ou o dólar australiano valer mais que o americano, deixando o custo de vida assustador para quem recebe em Real; não bastasse tudo isso, a Austrália ainda consegue ser o berço das mais mortíferas espécies do mundo.

Dos meigos coalas e cangurus até as temidas águas-vivas, há uma infinidade de espécies altamente peçonhentas espalhadas por todo o país, entre as quais, cobras, aranhas, escorpiões, lagartos, crocodilos, tubarões e, na mente de minha mãe, aborígenes canibais. Mas isso é questionável, então deixa pra lá...

Nas regiões mais afastadas dos grandes centros, nos mares revoltos, no Outback , certamente há muitos perigos e é preciso atenção total para não acabar no meio da cadeia alimentar. É por isso que o governo daqui investe pesado na comunicação visual, com dezenas de placas assustadoras (e engraçadas), alertando para o perigo iminente!

Além das espécies assassinas, tragédias naturais também são algozes comuns por aqui. Pouco antes de chegar à Melbourne, aconteceram grandes incêndios
, enchentes devastadoras, um ciclone passou pelo país e, em Christchurch, pertinho daqui, na Nova Zelândia, um terremoto fortíssimo deixou a cidade em ruínas. Pouco depois que cheguei, um dos piores terremotos que já ocorreram no Japão destruiu cidades inteiras e um tsunami avassalador acabou com cidades, tirou mais de 20.000 vidas e ameaçou chegar à costa da Austrália.

E foi nesse lugar que eu e o Mário viemos nos enfiar. Mas apesar deste cenário catastrófico e peçonhento que ronda a Austrália e para consolo de nossas mães nervosas, até agora, o máximo que vimos foram algumas aranhinhas e uns poucos pinguins.  E não tomamos nenhuma picada ou bicada! Então, para quem quiser sentir o gostinho da selvageria que habita o país, de modo civilizado, mando aqui três sugestões seguras em Melbourne:

1)      O píer de St Kilda ao pôr do sol. O lugar é um refúgio de pinguins, e se você for silencioso e paciente, vai encontrar os pequeninos elegantes escondidinhos entre as rochas.

2)      O aquário de Melbourne: o preço é tão salgado quanto as águas dos tanques de tubarões; são 33 doletas por cabeça! Eu ainda não fui, mas aparententemente, é um programão!

3)      O zoológico de Melbourne: o zoológico tem até um programa de TV de tão popular que é. Acontecem lá, entre rosnadas e grunhidos variados, eventos como shows de rock e concertos clássicos. A entrada sai por 24,80 dólares.

Fora isso, só o estilo meio surfer, meio descabelado, meio selvagem do australiano. Mas isso fica pra um próximo post!

domingo, 20 de março de 2011

Moradia na Austrália: o passo a passo para alugar um imóvel!

Em busca de placas com anúncios...

Meu flat: bonitinho, mas ordinário e caro!


Fully furnished: quarto azul, com vista verde!

Quem vem do Brasil para a Austrália não imagina o quão diferente é o processo de alugar um imóvel por aqui. A gente chega mal acostumado, imaginando que os corretores vão ficar no nosso pé, telefonando, oferecendo mil opções. Esperamos que eles nos busquem com seu carros e nos levem até os imóveis que têm disponíveis, e que, no fim, depois de nos fazermos de difícil, possamos optar pelo que mais nos agradou. Tsc, tsc, tsc, quanta ilusão...

Aqui funciona de forma exatamente oposta. São escassos imóveis disponíveis para locação, porque cidades como Melbourne e Sidney são procuradíssimas pelos migrantes e há menos moradia disponível do que pessoas interessadas em alugá-las. Como resultado, custos com moradia são bem altos. Flats de um quarto custam no mínimo $350,00 por semana, sem incluir conta alguma. Assim, tem muita gente dividindo flats (shared accommodation) ou morando em Homestay, as casas de família. Complicadores extra (além do preço) para se conseguir um imóvel, são restringir a busca por contratos menores do que um ano (6 months lease) e a procura por imóveis mobiliados (fully furnished).

Mas não é preciso se conformar e trazer uma barraquinha de camping, ou pensar em comprar um trailer, opções que eu juro que passaram pela minha cabeça! Com informação, dedicação e sorte, é possível sim fazer um ninho gostosinho por aqui! Com apenas duas vistorias a imóveis e uma única aplicação, eu consegui um flat mobiliado, por apenas seis meses! Então, cabe a mim aqui prover toda informação aos viajantes, para que consigam o mesmo. Sugiro seguir cada passo descrito neste post, mas, só por precaução, aconselho também trazer na mala, um macinho de arruda, com um pé de coelho!

Não é possível alugar um imóvel anunciado no site da imobiliária, estando no Brasil. Eu e o Mário reservamos uma casa de família, uma homestay, por duas semanas para a chegada. Foi uma excelente escolha! Para nossa sorte, a família era uma mãe judia brasileira, a Raquel  e seu filho, Kaíque, duas pessoas supersimpáticas e que nos deixaram nos sentindo em casa! Fica a dica aqui para quem quiser agendar uma estada com eles: raquel.zalmon@gmail.com! Quem preferir algo mais alternativo, vale buscar pelos albergues e backpakers. O site da HostelBookers é em português, bem fácil de navegar e tem sempre promoções de albergues. Vale conferir!

Resolvida a acomodação provisória, vamos ao passo a passo para encontrar um teto definitivo. Para alugar um imóvel na Austrália, é preciso:

1)      Aplicar via online aos imóveis:

É preciso fazer uma busca pela internet em um dos seguintes sites: Domain; Real State ou Gumtree . Neste último, às vezes se consegue contatar os próprios landlords e alugar o imóvel sem intermédio de uma imobiliária.

2)      Ir a muitas inspections:

Após selecionar os imóveis que mais agradaram, é necessário comparecer à chamada Inspection, uma visita agendada pelas imobiliárias, os Estate Agents, que não dura mais do que 15 minutos e ocorre geralmente, uma vez por semana, a critério da imobiliária. Nas inspections, você e a torcida inteira do Corinthians podem estar presentes ao mesmo tempo, uma vez que todos os que selecionaram a propriedade pela internet podem comparecer. Geralmente, os interessados preenchem um pequeno formulário virtual pelo próprio link do imóvel no site e o corretor envia um torpedo (sim, fundamental já ter um celular a esta altura!) confirmando o horário e local da inspection. É aconselhável ir a várias inspections, para ter chance maior de conseguir um imóvel que agrade e de ser o “eleito” pelo proprietário.

3)      Como aplicar aos imóveis:

Durante a visita, todos os que se interessarem pelo imóvel recebem Application Forms  e devem preenchê-las e enviá-las (pode ser por email) acompanhadas de todos os documentos requeridos, o quanto antes (no mesmo dia, se possível). Entre os documentos que eles solicitam estão:

a) Cópia do passaporte – com o visto; b) Comprovante de fundos que atestem a capacidade de arcar com o aluguel (bolsa de estudos que vai receber, salário de empregador, extratos de contas no Brasil e/ou Austrália); c) Carta de comprovante de vínculo na Austrália, algo como carta de escola de inglês, Fellowship da Universidade, ou contrato de trabalho; d) Carta de Recomendação – pode ser um parágrafo escrito e assinado por alguém com quem tem contato na Austrália – algo como um “fiador moral”, que não vai pagar suas dívidas, mas que põe a mão no fogo por você. Ele deve justificar o seu caráter e responsabilidade ao state agent. Estes requerimentos podem variar um pouco de acordo com a imobiliária, mas em geral esses são os documentos básicos.

Devo assumir que mesmo com todos os documentos em mãos, resolvi incluir mais um por conta própria: e) uma carta de apresentação. Sim, escrevi uma pequena redação contando como eu e o Mário somos confiáveis, certinhos e caretas, para assegurar que seríamos vistos como “tenants”, ou inquilinos de ouro! Escrevi que somos pessoas com formação universitária (pega bem contar que o Mário é médico e eu psicóloga!), que não fumamos, não temos kids ou pets, que vamos cuidar com carinho do flat e ainda deixar algumas appliances (novas aquisições, como panelas, etc..) para o proprietário, o landlord. Assim, não teriam dúvidas quanto ao estado do flat em nossas mãos.

4)      Estar preparado para arcar com o Bond, o caução da Austrália:

Tendo enviado toda papelada, confirmado com o corretor o recebimento dos mesmos e feito algumas rezas bravas em paralelo, é possível que no dia seguinte o corretor telefone (sim, é necessário conseguir falar e entender, o que é o mais preocupante , o inglês rápido e com sotaque aussie do corretor!) para confirmar que o proprietário aceitou sua aplicação. A felicidade de escutar esta frase é semelhante à de escutar que você passou no vestibular. Entretanto, assim que escutar o valor do “Bond”, o depósito inicial que terá que fazer ao “fundo de bonds”, requerido pelo seu landlord, a euforia poderá virar depressão. Alguns proprietários exigem o depósito de um a dois aluguéis adiantados – como uma garantia, um caução – caso o inquilino danifique o imóvel, não pague os aluguéis, ou quebre tudo. No final do seu contrato (deve-se avisar a imobiliária com 30 dias de antecedência), o estate agent faz uma vistoria ao imóvel, e caso esteja tudo certinho, devolvem o seu bond em duas semanas! Então, esteja preparado para arcar com essa pequena fortuna inicialmente!

5)      Fechar o contrato:

Após ter depositado o Bond na conta fornecida pelo estate agent, resta comparecer no horário agendado com o corretor para assinar o contrato e pegar as chaves do imóvel. A conversa toda não leva mais do que 20 minutos e talvez você não entenda metade do que o corretor apressado te disser. A dica é repetir, ou dizer o que acha que ouviu, na sequência, para confirmar as informações, e depois anotar tudo! Tenha sempre o email do corretor a mão, porque o google pode sempre dar aquela forcinha na comunicação. Já ao vivo...

Caso seu studio (quarto, sala, cozinha, tudo junto), flat (cômodos separados) ou house (bom, todo mundo sabe como é uma casa!) não seja mobiliado, a dica é ir a uma “Second  Hand House", os brechós. Aqui são muito populares e têm de tudo, usado, por muito pouco.

Com tudo isso, resta torcer pra ter feito a escolha certa e gostar do imóvel que escolheu, porque aqui a coisa é meio como um casamento indiano, meio arranjado, por conveniência. Mal se vê o noivo e já é preciso dar dotes e se casar... So far, o meu casamento está dando certo! Cabe a mim agora, deixar meus votos de que você também encontre a felicidade no imóvel que aceitar a sua proposta!

quarta-feira, 16 de março de 2011

Moomba Festival: 4 dias de muita diversão!


Birdman Rally


Fireworks with music

Todos sentadinhos para ver o Birdman Rally!

Silent Disco, balada sem barulho!


Bandinha na Parada!


Shows de primeira!

Uma semana após pisarmos no novíssimo continente, eu e o Mário fomos presenteados com o maior evento gratuito da Austrália e um dos que possui maior duração, o Moomba Festival! São quatro dias de muitos shows, eventos aquáticos, performances de artistas, parques de diversões, gostosuras da culinária internacional e atrações divertidíssimas, como o BirdmanRally, uma parada carnavalesca e fogos de artifícios! Tudo isso às margens do Yarra River e ao longo da Swanston e Flinders St, o coração da cidade!

Essa maratona lúdica é um evento imperdível na agenda de qualquer turista e deve fazer parte dos planos de viagem de quem planeja vir pra Melbourne em março! O festival acontece desde 1955 e nunca mais parou de crescer! Apesar da multidão (acredito que centenas de milhares de pessoas compareçam), o evento é extremamente pacífico, bem organizado e familiar.

Por todo o entorno do Rio Yarra, são dispostas barraquinhas de comidas, que vão desde algodão doce, passando pelos tradicionais sushis, ao Brazilian BBQ, feito por churrsaqueiros brasileiros mesmo! Nos gramados do Alexandra Gardens, distribuem-se dezenas de palcos para shows de bandas locais, roda-gigante, trem-fantasma, viking, e muitos outros brinquedos. No rio, provas de ski aquático (water skiing), com direito a acrobacias e o engraçadíssimo Birdman Rally!

O Birdman Rally deve ser a atração mais esperada do Moomba Festival, ao lado das queimas de fogos, que acontece em três das quatro noites do festival. Pessoas ligadas a instituições de caridade elaboram roupas “capazes de fazerem voar” e o objetivo dos competidores é se atirar da plataforma especialmente projetada para os vôos e decolar sobre o rio. O maior voo vence a prova e cede o prêmio à instituição que representa. Enquanto os pilotos naufragam no rio, a platéia ergue suas plaquinhas (thumbs up or down), avaliando o desempenho que tiveram. O competidor mais divertido que vimos foi Jack Sparrow (idêntico ao pirata de Jhonny Deep mesmo), que com seu traje fragata, se não alçou vôo, pelo menos não submergiu no patético da situação. Ele não venceu, mas também não fez feio!

Os shows são de excelente qualidade, mas para os que preferiram algo menos barulhento, havia a opção da Silent Disco, uma balada alternativa em que cada um recebe um fone de ouvido, com algumas opções de som dos DJs presentes, para curtir o bate-estaca sem fazer um pio! Não é só uma balada conceitual, acho que é uma tendência, o auge da liberdade! Cada um escolhe DJ que quer ouvir, no volume em que preferir e todos se divertem sem prejudicar ninguém! Amei!

Também acontecem demonstrações de skate, bike, patinete e trapézio o tempo todo. No último dia do festival, que coincide com o dia do trabalho na Austrália, a cidade inteira se concentra no centro para conferir a famosa “parada. É um desfile meio carnavalesco, cujo mote é celebrar a diversidade e a alegria de Melbourne. Entre os passistas, aborígenes e celebridades, passando por bandinhas, carros alegóricos com representantes dos povos imigrantes e militantes gays.

E o melhor de tudo é que depois que o festival termina, não fica aquela sensação de vazio, de fim de festa; porque Melbourne é uma festa que não acaba nunca. No dia seguine já estava acontecendo o Ópera in the Market, com orquestra e cantoria no mercadão da cidade, e logo mais teremos a semana de moda, a corrida de F1, o festival das flores , e assim vai...

terça-feira, 15 de março de 2011

O Visto para a Austrália!


Academic Visitor Visa

Esse é um episódio complexo do pacote “Austrália”. A menos que o aplicante seja um turista, ou alguém que vai estudar por no máximo três meses (são considerados turistas também!), obter um visto pode ser bastante complicado. O turista que não vai estudar pode pedir um visto de até um ano, mas a embaixada é que decide o tempo de duração do visto.

O visto de turista é mais simples, custa em torno de R$120,00 + US$55,00. Para aplicar é preciso preencher um formulário e enviar junto com ele, uma série de documentos:

Documentação obrigatória:
• Passaporte, assinado e válido pelo período da estadia e passaportes anteriores, se já houver viajado ao exterior;
• Formulário 48R ou 48R POR vigente, preenchido e assinado pelo requerente (a foto afixada no formulário deverá ser recente e sem alterações digitais - 6 meses no máximo - e do tamanho 5x7 ou 3x4);

• Seguro Saúde - nós fizemos o Medibank, por meio da agência Austrália Brasil (que também vende passagens).
• Pagamento da taxa.


Para que o visto seja concedido, é necessário cumprir os requisitos financeiros, de saúde e de caráter, determinados pelo Departamento de Imigração do Governo Australiano. Os requisitos de saúde são um raio X de tórax e exame de urina, colhido em uma consulta com um dos médicos cadastrados pela embaixada. O preço das consultas é em torno de R$200,00, além do valor do exame, que custa a partir de R$80,00 e deve ser feito em laboratórios cadastrados pela embaixada também. Como o meu marido é médico, não pagou a consulta (graças ao famoso Juramento de Hipócrates!), mas os exames foram pagos integralmente.
Também nos pediram
Certidões Negativas de Antecedentes Criminais. Geralmente é preciso enviar as originais, mas como não teríamos tempo de solicitar as certidões no Poupa-tempo, enviamos os documentos via online, e aceitaram.

Os documentos abaixo também podem ser incluídos com o requerimento de visto para comprovar o cumprimento desses requisitos. Eu incluí o maior número possível de documentos, para garantir que não recusariam o visto, mas eles não são obrigatórios:

Documentação complementar:

• Carta do empregador informando cargo, tempo de serviço, salário e período de férias ou contrato social da empresa;
• Comprovante de matrícula da escola ou universidade;
• Carta convite de um familiar ou amigo na Austrália (na forma de Statutory Declaration);
• Comprovante de visto permanente, se não tiver nacionalidade do país no qual o requerente pedirá o visto;
• Provas de disponibilidade financeira ou acesso a recursos suficientes para realizar a viagem do requerente do visto ou da pessoa responsável financeiramente pela viagem (se for de um terceiro deverá acompanhar uma declaração, com firma reconhecida, confirmando a disposição da pessoa em custear a viagem).
Estas provas financeiras podem incluir, mas não são restritas a: 
  - três últimos contracheques;
  - declaração de imposto de renda;
  - extratos bancários de conta corrente ou investimentos dos três últimos meses;
  - recibos de compras de moeda estrangeira;
  - extratos de cartão de credito dos três últimos meses.
O visto de turista leva aproximadamente 10 dias para ficar pronto.
Como o Mário veio fazer pós-doc, o processo dele foi muito mais extenso e longo (levou uns 40 dias), a Universidade de Melbourne precisou aplicar também para o visto e, paralelamente, aplicamos por meio de uma agência especializada, a Get Visa. Eles fizeram todos os trâmites e nós só enviamos os documentos. O pessoal de lá até preenche os formulários pelos aplicantes e eles têm acesso total à embaixada, o que nos permitiu acompanhar cada etapa do processo e enviar documentos imediatamente, sem burocracias. Eu recomendo altamente que se aplique o visto por uma agência, se o caso não for visto de estudante. Há muitas variáveis de visto para a Austrália e até para identificar a qual tipo se deve aplicar, perde-se tempo e neurônios. Lógico que a assessoria deles tem um custo, mas compensa muito.
Como dependente do Mário, meu visto precisou ser da mesma categoria que a dele – Academic Visitor. E há diversas outras subcategorias, o que complica um pouco mais o processo. Para obter mais informações sobre os tipos de visto, vale acessar a página em português da Embaixada da Austrália.Telefonar para ter esclarecimentos pode ser um mal negócio, uma vez que o atendimento deles é no Canadá e em inglês.
Quem tem nacionalidade européia, consegue aplicar via online e a um preço bem menor. O visto sai mais depressa também. Ah, uma coisa fundamental: todos vindos do Brasil (e alguns outros países também, considerados zonas de risco para epidemias) que desembarcam na Austrália devem apresentar junto com o passaporte, a carteira de vacinação com o registro da vacina de febre amarela. A vacina tem validade de 10 anos e deve ser tomada no mínimo 10 dias antes da viagem. A carteirinha tem que ser a amarela, a que se obtém no aeroporto, não no posto de saúde. Pode-se trocá-la antes da viagem para evitar a chateação na imigração do aeroporto!
Com o visto em mãos, é hora de fazer as malas e se preparar para as intermináveis 20 e poucas horas de viagem, talvez trazendo um bom livro, ou uma cartela de Dramin...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Lazer em Melbourne, pra dar e vender...

Uma cidade submersa na arte, ou será o contrário?

Federation Square

Luna Park


Southbank

Desde que pisei em Melbourne, pude perceber que a cidade não para! No coração da cidade, na Federation Square, são realizados mais de 2000 eventos por ano, uma média de cinco por dia. Tudo grátis e num ambiente muito gostoso, com wi-fi grátis pra todo mundo. O centro da cidade gira em torno da Federation, ao longo da Swanston St, onde acontecem sempre performances de artistas para animar a vida dos que se misturam em sua paisagem surreal, composta por centenas de lojas, bondes, restaurantes étnicos e pessoas do mundo todo.

Além dos arredores da Federation Square, a cidade tem praias, como Brighton e St Kilda, que podem não ser boas para nadar, mas têm uma atmosfera deliciosa para um passeio ou uma corrida. Em St Kilda, bairro em que eu moro, além de ruas superdescoladas, como a Acland St, cheia de restaurantes, cafés e lojinhas alternativas, existe também um parque de diversões meio retrô e muito engraçado, o Luna Park. Há também muitas praças e parques, como os lindos jardins botânicos de St Kilda e o Royal Botanic Gardens, isso sem mencionar a região de Southbank, no entorno do Yarra River, efervescente dia e noite, com seus arranha-céus impressionantes, restaurantes, bares e cafés badalados e ainda um shopping, o Southgate, num cenário emoldurado por pontes tão convidativas quanto os seus famosos estabelecimentos.

A cidade tem tantas facetas que parece mais de uma. Ela mescla o estilo business de viver com o casual praiano, propriamente retratado no uso de bermudas sociais pelos executivos e jeans com havaianas, pelo australiano de todas as idades e classes sociais. Da mesma forma, a paisagem oferece infindáveis opções de lazer, como os tradicionais churrascos nos parques (feitos em churrasqueiras públicas, ao custo de algumas moedas de dólar), um zoológico incrível, um aquário mundialmente famoso, baladas para todos os bolsos; museus , teatros , cinemas  para os mais antenados; compras alternativas que abrangem desde as pechinchas nas bargain stores chinesas às lojas grife na Collins St ou em brechós vintage, na Chapel St.

O fato é que as opções de lazer são amplas e todos encontram um modo de se divertir em Melbourne. Não bastassem tantas alternativas certeiras do quê fazer, Melbourne ainda é uma incubadora de eventos e festivais durante o ano todo! Entre os mais famosos eventos que a cidade sedia estão o Australian Open de tênis, o Grande Prêmio de F1, a semana de moda e o Moomba Festival, quatro dias em que a cidade para (literalmente, porque coincide com o feriado do Dia do Trabalho aqui) para curtir shows, performances de artistas, workshops, filmes, um parque de diversões itinerante, comidas do mundo todo, fogos de artifícios e atrações hilárias, como o Birdman Rally, tudo estruturado ao longo do Yarra River, e o melhor, de graça! Foi esse festival maravilhoso que eu tive a sorte de testemunhar por aqui, logo em minha chegada. Mas isso já é conversa pro meu próximo post...