Pra onde ir afinal? |
Estou na Austrália, mas tenho Manchester na cabeça! |
Esse é um dilema comum de quem vai encarar um intercâmbio, mochilão ou intensivão de férias para enfim, aprender inglês. Para escolher o destino, vale a pena levar em conta algumas características essenciais de cada país e procurar perceber se se encaixam naquilo que tem em mente, ou no bolso...
Como morei na Inglaterra em três ocasiões e três cidades diferentes (em 2002, 2010 e 2011) e estou há três meses morando em Melbourne, tenho uma certa noção do que se pode esperar encontrar em cada lugar. Para me manter fiel aos múltiplos de três, listei seis pontos a serem ponderados para fazer a melhor escolha!
1. Custo de vida
Nenhum lugar da Inglaterra, nem mesmo Londres, é tão cara quanto a Austrália. O custo de vida está tão alto por aqui, que a Inglaterra parece o Paraguay deles. Desde preços de comida, aluguel e contas de luz até os custos com planos de internet e celular, roupas, planos de saúde, tíquetes de transporte, passagens aéreas, entradas para museus, parques, cinema, baladas, enfim, tudo, é maior aqui. Mesmo os residentes daqui acham o custo de vida muito alto. É o preço que se paga para ter qualidade de vida? Não sei, na Inglaterra também é muito alta a qualidade de vida e nem por isso é preciso ir à falência. Museus, parques e muitas das atrações britânicas são gratuitas, diferentemente do que acontece na Austrália. A carteirinha de estudante é aceita em quase todos os lugares por lá, já aqui, quase não usamos. No UK, há diversas companhias low cost de passagens aéreas, que vendem trechos a partir de cinco Libras; aqui, as mais baratas não vendem por menos de 40 Dólares, e mesmo assim, cheias de restrições. Por isso, mesmo que o curso seja mais barato aqui, todo o resto será mais caro!
2. Estilo de vida
É característica do australiano viver outdoors! Pode fazer frio ou calor, chover ou fazer sol, eles vivem nas ruas! Os bares deixam as mesinhas nas calçadas, o cooper rola solto nos parques e praias, a moçada está sempre na ativa, sem perder o pique. Amam assistir nos estádios os jogos da AFL (Australian Football League), que acontecem quase todos os dias, fazem churrascos em praça pública e estão sempre animados para passear e encarar uma prainha. Na Inglaterra, o espírito é o oposto. Lógico que eles usufruem dos parques maravilhosos, fazem alguns esportes ao ar livre e vão à praia, mas nada que se compare ao estilo livre do australiano. Os programas indoors são os mais animados no UK. Museus, teatros, concertos, shows, tudo que for bem intelectual é programa de inglês.
As praias do UK também não podem ser comparadas com as paradisíacas daqui. Enquanto os australianos vivem bronzeados e com os cabelos verdes de cloro e sal, com cara de surfistas, os ingleses desfilam a cor cenoura made in bronzeamento artificial e cobrem suas cabeleiras sob charmosas boinas para se protegerem do frio e do vento, mesmo no verão. O passatempo predileto do britânico é ir para o pub e beber até cair. Ou tomar um chazinho às cinco para espantar o frio. O do australiano é ir para a praia, fazer churrasco e cair na night, não necessariamente nesta ordem!
As praias do UK também não podem ser comparadas com as paradisíacas daqui. Enquanto os australianos vivem bronzeados e com os cabelos verdes de cloro e sal, com cara de surfistas, os ingleses desfilam a cor cenoura made in bronzeamento artificial e cobrem suas cabeleiras sob charmosas boinas para se protegerem do frio e do vento, mesmo no verão. O passatempo predileto do britânico é ir para o pub e beber até cair. Ou tomar um chazinho às cinco para espantar o frio. O do australiano é ir para a praia, fazer churrasco e cair na night, não necessariamente nesta ordem!
3. A língua
Pense assim: é melhor aprender o inglês de Shakespeare ou do Crocodilo Dundee? É melhor falar com o sotaque da Rainha, ou com um sotaque de caipira? Os australianos que me perdoem, mas em termos de língua, ficam muito atrás da Terra mãe. O inglês daqui é algo que foge aos dicionários. Pode ser aprendido mais nas ruas e nas conversas à toa do que em livros e salas de aula. Diz a lenda, que no início da colonização da Austrália havia muitas moscas aonde quer que se fosse e por isso, os residentes precisavam falar sem abrir muito a boca. Com o tempo, as palavras adquiram um som próprio, abafado, fanho, que só eles mesmos parecem ser capazes de decifrar. Além disso, faz parte do vocabulário de qualquer australiano o uso de milhares de abreviações e gírias, as slangs!
Veja um exemplo de diálogo:
Freguês: Olá, por favor, gostaria de uma xícara de chá.
Atendente: Claro, aqui está.
Freguês: Obrigada!
Atendente: De nada!
Inglês Britânico:
Freguês: Excuse me, love! It is five o’clock! I would be really grateful if you could provide me a wonderfully warm cup of tea with one of those fantastic cupcakes.
Atendente: It would be a pleasure darling! Here it is! Five Pounds.
Freguês: Brilliant! Thank you very much for your kindness. Have a lovely day!
Atendente: You are welcome Darling! Byyyyyyyyyyyyyyyyyyyye!
Freguês: Byyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyye!
Inglês australiano:
Freguês: Hi mate, I’d like a cuppa of tea.
Atendente: G'day!! Yeah, yeah, yeah… Awesome! Easy mate! 15 Dolars mate!
Freguês: No worries mate! Thanks! See ya!
Atendente: See Ya!
A vantagem de estudar aqui é a de que se aprende um inglês mais jovial, mais "contemporâneo" talvez, do que na Inglaterra. E os ouvidos se acostumam aos mais variados sotaques, por causa do número incontável de pessoas de outras nacionalidades residindo na Austrália. Uma dica, Sydney deve ter tantos ou mais brasileiros do que em Londres, ou seja, uns dez por metro quadrado. Para fugir da tentação de falar em português com todo mundo, vale a pena morar em Melbourne, ou em alguma outra cidade menos turística, mais "fria", e portanto com menos brasileiros!
A vantagem de estudar aqui é a de que se aprende um inglês mais jovial, mais "contemporâneo" talvez, do que na Inglaterra. E os ouvidos se acostumam aos mais variados sotaques, por causa do número incontável de pessoas de outras nacionalidades residindo na Austrália. Uma dica, Sydney deve ter tantos ou mais brasileiros do que em Londres, ou seja, uns dez por metro quadrado. Para fugir da tentação de falar em português com todo mundo, vale a pena morar em Melbourne, ou em alguma outra cidade menos turística, mais "fria", e portanto com menos brasileiros!
4. O povo
Dizem que o australiano se parece com o brasileiro. Pode ser mesmo. São mais breves, mais agitados, mais diretos. Os ingleses são mais formais, têm um humor todo particular, são meio sarcásticos, mas engraçados. São mais profissionais também. Dizem que os ingleses são frios, não são. São mais reservados, mais tímidos, mais reprimidos talvez, mas têm um ótimo coração e fazem de tudo para ajudar. Os australianos são menos polidos, mas gostam dos brasileiros, logo querem puxar assunto quando descobrem de onde viemos. No entanto, a coisa fica meio superficial, para na simpatia inicial. Os ingleses podem até demorar mais para se soltar, mas quando fazem amizade, a amizade é pra valer! Vai de cada um a preferência pelo povo, mas de modo geral, o inglês tem uma mentalidade mais tradicional e caretinha, o australiano tem uma alma mais jovial, mais descolada, mais aberta.
5. O clima
A imagem que mais bem traduz o clima inglês não é a xícara de chá, nem a coroa da Rainha; é a do guarda-chuva. Aqui, não é a do canguru, nem a do coala, a imagem mais forte é a do protetor solar, uma vez que a Austrália é campeã mundial em número de casos de melanoma, por causa do furo na camada de ozônio bem sobre as nossas cabeças! O inverno do UK é muito mais agressivo que o daqui, com neve aos montes e temperaturas que chegam aos -20C em algumas regiões. Os dias podem terminar às três da tarde, evocando pensamentos suicidas. O verão inglês é meio imprevisível. Nunca peguei mais dos que 23 graus enquanto estava lá...
No verão australiano por sua vez, em algumas cidades os ponteiros chegam a marcar mais de 50 graus. No inverno, poucas as cidades registram temperaturas negativas. Camberra, entre algumas nos Alpes, é uma delas. A região da Goldcoast e New Souh Wales na Austrália têm o clima menos radical, bem como o sul da Inglaterra. Então não tem muito segredo, em épocas de global warming, o importante é procurar uma cidade onde as temperaturas sejam mais amenas, mas sabendo que elas podem beirar estes extremos!
No verão australiano por sua vez, em algumas cidades os ponteiros chegam a marcar mais de 50 graus. No inverno, poucas as cidades registram temperaturas negativas. Camberra, entre algumas nos Alpes, é uma delas. A região da Goldcoast e New Souh Wales na Austrália têm o clima menos radical, bem como o sul da Inglaterra. Então não tem muito segredo, em épocas de global warming, o importante é procurar uma cidade onde as temperaturas sejam mais amenas, mas sabendo que elas podem beirar estes extremos!
Muito mais fácil e barato é viajar pela Europa do que pela Austrália. Vai depender do tipo de turismo que se prefere fazer - cultural ou ambiental - para optar por um país ou outro. O UK é ideal para quem ama história, ver os rastros do passado, castelos, museus, arquitetura medieval, enfim, tudo o que remeter ao charme dos países com milênios de tradição; a Austrália não tem muita história, não tem muito passado, nem muitos vestígios de civilizações, guerras, etc, como a Europa. A história aqui é a dos aborígenes, da natureza exuberante, é uma história que já começou com o pé no futuro.
Explorar cada um destes países é bem diferente em termos de paisagem e de preços. A linha ferroviária maravilhosa do UK leva os viajantes para qualquer região da ilha e até para o continente via Eurotúnel. Na Austrália é bem caro viajar de trem, porque as distâncias são muito longas entre uma cidade e outra. As passagens aéreas também são bem mais caras por aqui e há menos opções de cias disputando passageiros. Muita gente acaba optando por fazer alguma vigem exótica para a Tailândia, Fiji, Vietnam, Bali, em vez de explorar o país, por causa dos altos custos com deslocamento e hospedagem! Para se ter uma ideia, enquanto estava morando na na Inglaterra, além de ter virado o Reino pelo avesso, conhecendo quase tudo, viajei duas vezes para a Itália, fui para a Alemanha, Praga, França e até para o Egito, sem nunca ter gasto mais do que 1000 Libras, ou aproximadamente 700 Dólares para mim e para o Mário juntos, por viagem internacional. Aqui, apenas para dar conta do Estado de Victória gastamos pelo menos 100 Dólares em cada bate-volta. Cinco dias em Sydney em hotel modesto vão sair por 850 Doletas. Ou seja, para viajar, nada mais em conta do que um mochilão pela Europa!
Explorar cada um destes países é bem diferente em termos de paisagem e de preços. A linha ferroviária maravilhosa do UK leva os viajantes para qualquer região da ilha e até para o continente via Eurotúnel. Na Austrália é bem caro viajar de trem, porque as distâncias são muito longas entre uma cidade e outra. As passagens aéreas também são bem mais caras por aqui e há menos opções de cias disputando passageiros. Muita gente acaba optando por fazer alguma vigem exótica para a Tailândia, Fiji, Vietnam, Bali, em vez de explorar o país, por causa dos altos custos com deslocamento e hospedagem! Para se ter uma ideia, enquanto estava morando na na Inglaterra, além de ter virado o Reino pelo avesso, conhecendo quase tudo, viajei duas vezes para a Itália, fui para a Alemanha, Praga, França e até para o Egito, sem nunca ter gasto mais do que 1000 Libras, ou aproximadamente 700 Dólares para mim e para o Mário juntos, por viagem internacional. Aqui, apenas para dar conta do Estado de Victória gastamos pelo menos 100 Dólares em cada bate-volta. Cinco dias em Sydney em hotel modesto vão sair por 850 Doletas. Ou seja, para viajar, nada mais em conta do que um mochilão pela Europa!
Agora é colocar tudo na balança e ver para onde pende a escolha. Há aqueles que serão mais felizes no UK e aqueles que vão se dar melhor na Austrália. Uma escolha subjetiva, mas que só pode dar certo se for feita com consciência do que se vai encontrar em cada lugar, para não se comprar gato por lebre, ou esquilo por possum, ou ovelha por canguru...
É isso mates! Byyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyye! (Assim mesmo, com duração de trinta segundos e uns trinta y no meio!)