quinta-feira, 30 de junho de 2011

Austrália ou Inglaterra para estudar inglês?

Pra onde ir afinal?

Estou na Austrália, mas tenho Manchester na cabeça!

Esse é um dilema comum de quem vai encarar um intercâmbio, mochilão ou intensivão de férias para enfim, aprender inglês. Para escolher o destino, vale a pena levar em conta algumas características essenciais de cada país e procurar perceber se se encaixam naquilo que tem em mente, ou no bolso...

Como morei na Inglaterra em três ocasiões e três cidades diferentes (em 2002, 2010 e 2011) e estou há três meses morando em Melbourne, tenho uma certa noção do que se pode esperar encontrar em cada lugar. Para me manter fiel aos múltiplos de três, listei seis pontos a serem ponderados para fazer a melhor escolha!

1.      Custo de vida

Nenhum lugar da Inglaterra, nem mesmo Londres, é tão cara quanto a Austrália. O custo de vida está tão alto por aqui, que a Inglaterra parece o Paraguay deles. Desde preços de comida, aluguel e contas de luz até os custos com planos de internet e celular, roupas, planos de saúde, tíquetes de transporte, passagens aéreas, entradas para museus, parques, cinema, baladas, enfim, tudo, é maior aqui. Mesmo os residentes daqui acham o custo de vida muito alto. É o preço que se paga para ter qualidade de vida? Não sei, na Inglaterra também é muito alta a qualidade de vida e nem por isso é preciso ir à falência. Museus, parques e muitas das atrações britânicas são gratuitas, diferentemente do que acontece na Austrália. A carteirinha de estudante é aceita em quase todos os lugares por lá, já aqui, quase não usamos. No UK, há diversas companhias low cost de passagens aéreas, que vendem trechos a partir de cinco Libras; aqui, as mais baratas não vendem por menos de 40 Dólares, e mesmo assim, cheias de restrições. Por isso, mesmo que o curso seja mais barato aqui, todo o resto será mais caro!



2.     Estilo de vida
 
 
É característica do australiano viver outdoors! Pode fazer frio ou calor, chover ou fazer sol, eles vivem nas ruas! Os bares deixam as mesinhas nas calçadas, o cooper rola solto nos parques e praias, a moçada está sempre na ativa, sem perder o pique. Amam assistir nos estádios os jogos da AFL (Australian Football League), que acontecem quase todos os dias, fazem churrascos em praça pública e estão sempre animados para passear e encarar uma prainha. Na Inglaterra, o espírito é o oposto. Lógico que eles usufruem dos parques maravilhosos, fazem alguns esportes ao ar livre e vão à praia, mas nada que se compare ao estilo livre do australiano. Os programas indoors são os mais animados no UK. Museus, teatros, concertos, shows, tudo que for bem intelectual é programa de inglês.

As praias do UK também não podem ser comparadas com as paradisíacas daqui. Enquanto os australianos vivem bronzeados e com os cabelos verdes de cloro e sal, com cara de surfistas, os ingleses desfilam a cor cenoura made in bronzeamento artificial e cobrem suas cabeleiras sob charmosas boinas para se protegerem do frio e do vento, mesmo no verão. O passatempo predileto do britânico é ir para o pub e beber até cair. Ou tomar um chazinho às cinco para espantar o frio. O do australiano é ir para a praia, fazer churrasco e cair na night, não necessariamente nesta ordem!

3.     A língua


Pense assim: é melhor aprender o inglês de Shakespeare ou do Crocodilo Dundee? É melhor falar com o sotaque da Rainha, ou com um sotaque de caipira? Os australianos que me perdoem, mas em termos de língua, ficam muito atrás da Terra mãe. O inglês daqui é algo que foge aos dicionários. Pode ser aprendido mais nas ruas e nas conversas à toa do que em livros e salas de aula. Diz a lenda, que no início da colonização da Austrália havia muitas moscas aonde quer que se fosse e por isso, os residentes precisavam falar sem abrir muito a boca. Com o tempo, as palavras adquiram um som próprio, abafado, fanho, que só eles mesmos parecem ser capazes de decifrar. Além disso, faz parte do vocabulário de qualquer australiano o uso de milhares de abreviações e gírias, as slangs!

Veja um exemplo de diálogo:

Freguês: Olá, por favor, gostaria de uma xícara de chá.
Atendente: Claro, aqui está.
Freguês: Obrigada!
Atendente: De nada!

Inglês Britânico:

Freguês: Excuse me, love! It is five o’clock! I would be really grateful if you could provide me a wonderfully warm cup of tea with one of those fantastic cupcakes.
Atendente: It would be a pleasure darling! Here it is! Five Pounds.
Freguês: Brilliant! Thank you very much for your kindness. Have a lovely day!
Atendente: You are welcome Darling! Byyyyyyyyyyyyyyyyyyyye!
Freguês: Byyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyye!


Inglês australiano:

Freguês: Hi mate, I’d like a cuppa of tea.
Atendente: G'day!! Yeah, yeah, yeah… Awesome! Easy mate! 15 Dolars mate!
Freguês: No worries mate! Thanks! See ya!
Atendente: See Ya!


A vantagem de estudar aqui é a de que se aprende um inglês mais jovial, mais "contemporâneo" talvez, do que na Inglaterra. E os ouvidos se acostumam aos mais variados sotaques, por causa do número incontável de pessoas de outras nacionalidades residindo na Austrália.  Uma dica, Sydney deve ter tantos ou mais brasileiros do que em Londres, ou seja, uns dez por metro quadrado. Para fugir da tentação de falar em português com todo mundo, vale a pena morar em Melbourne, ou em alguma outra cidade menos turística, mais "fria", e portanto com menos brasileiros!

4.     O povo

Dizem que o australiano se parece com o brasileiro. Pode ser mesmo. São mais breves, mais agitados, mais diretos. Os ingleses são mais formais, têm um humor todo particular, são meio sarcásticos, mas engraçados. São mais profissionais também. Dizem que os ingleses são frios, não são. São mais reservados, mais tímidos, mais reprimidos talvez, mas têm um ótimo coração e fazem de tudo para ajudar. Os australianos são menos polidos, mas gostam dos brasileiros, logo querem puxar assunto quando descobrem de onde viemos. No entanto, a coisa fica meio superficial, para na simpatia inicial. Os ingleses podem até demorar mais para se soltar, mas quando fazem amizade, a amizade é pra valer! Vai de cada um a preferência pelo povo, mas de modo geral, o inglês tem uma mentalidade mais tradicional e caretinha, o australiano tem uma alma mais jovial, mais descolada, mais aberta.


5.     O clima

A imagem que mais bem traduz o clima inglês não é a xícara de chá, nem a coroa da Rainha; é a do guarda-chuva. Aqui, não é a do canguru, nem a do coala, a imagem mais forte é a do protetor solar, uma vez que a Austrália é campeã mundial em número de casos de melanoma, por causa do furo na camada de ozônio bem sobre as nossas cabeças! O inverno do UK é muito mais agressivo que o daqui, com neve aos montes e temperaturas que chegam aos -20C em algumas regiões. Os dias podem terminar às três da tarde, evocando pensamentos suicidas. O verão inglês é meio imprevisível. Nunca peguei mais dos que 23 graus enquanto estava lá...




No verão australiano por sua vez, em algumas cidades os ponteiros chegam a marcar mais de 50 graus. No inverno, poucas as cidades registram temperaturas negativas. Camberra, entre algumas nos Alpes, é uma delas. A região da Goldcoast e New Souh Wales na Austrália têm o clima menos radical, bem como o sul da Inglaterra. Então não tem muito segredo, em épocas de global warming, o importante é procurar uma cidade onde as temperaturas sejam mais amenas, mas sabendo que elas podem beirar estes extremos!  

6.     As trips

Muito mais fácil e barato é viajar pela Europa do que pela Austrália. Vai depender do tipo de turismo que se prefere  fazer - cultural ou ambiental - para optar por um país ou outro. O UK é ideal para quem ama história, ver os rastros do passado, castelos, museus, arquitetura medieval, enfim, tudo o que remeter ao charme dos países com milênios de tradição; a Austrália não tem muita história, não tem muito passado, nem muitos vestígios de civilizações, guerras, etc, como a Europa. A história aqui é a dos aborígenes, da natureza exuberante, é uma história que já começou com o pé no futuro.

Explorar cada um destes países é bem diferente em termos de paisagem e de preços. A linha ferroviária maravilhosa do UK leva os viajantes para qualquer região da ilha e até para o continente via Eurotúnel. Na Austrália é bem caro viajar de trem, porque as distâncias são muito longas entre uma cidade e outra. As passagens aéreas também são bem mais caras por aqui e há menos opções de cias disputando passageiros. Muita gente acaba optando por fazer alguma vigem exótica para a Tailândia, Fiji, Vietnam, Bali, em vez de explorar o país, por causa dos altos custos com deslocamento e hospedagem! Para se ter uma ideia, enquanto estava morando na na Inglaterra, além de ter virado o Reino pelo avesso, conhecendo quase tudo, viajei duas vezes para a Itália, fui para a Alemanha, Praga, França e até para o Egito, sem nunca ter gasto mais do que 1000 Libras, ou aproximadamente 700 Dólares para mim e para o Mário juntos, por viagem internacional. Aqui, apenas para dar conta do Estado de Victória gastamos pelo menos 100 Dólares em cada bate-volta. Cinco dias em Sydney em hotel modesto vão sair por 850 Doletas. Ou seja, para viajar, nada mais em conta do que um mochilão pela Europa!


Agora é colocar tudo na balança e ver para onde pende a escolha. Há aqueles que serão mais felizes no UK e aqueles que vão se dar melhor na Austrália. Uma escolha subjetiva, mas que só pode dar certo se for feita com consciência do que se vai encontrar em cada lugar, para não se comprar gato por lebre, ou esquilo por possum, ou ovelha por canguru...

É isso mates! Byyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyyye! (Assim mesmo, com duração de trinta segundos e uns trinta y no meio!)

terça-feira, 28 de junho de 2011

O seguro saúde e as entrelinhas dos contratos!

Cuidado com as entrelinhas...

Jan Juc Beach: apesar da vista, é melhor olhar pro chão!

Mas se for para cair, torça para se espatifar de vez!

O negócio mesmo é contar com a sorte!

Para vir para a Austrália é obrigatório estar coberto por algum seguro-saúde. Turistas podem fazer seguros viagem tradicionais, daqueles que a Assist Card ou o ISIS fazem. Pelo site mesmo se calcula o valor do seguro e é possível comprar a cobertura via online. Extravio de bagagem, perda do voo, acidentes e imprevistos do gênero devem ser cobertos pelo seguro para evitar possíveis dores de cabeça e concordatas, diante das contas astronômicas com despesas médicas e afins. Isso porque o sistema de saúde na Austrália é privado, somente os residentes e viajantes provenientes de países que possuem (o Brasil não possui!) tratado de reciprocidade podem usufruir de graça do atendimento médico emergencial.

Para quem vem estudar por um período maior do que três meses em período integral, o seguro exigido é diferente. O OSHC - Overseas Students Health Cover - deve ter a mesma validade do visto e é pré-requisito para sua obtenção. É preciso fazer o seguro com alguma empresa australiana, e isso geralmente complica a vida de quem quer fazer tudo por conta própria. As informações são em inglês, em caso de dúvida é preciso ligar para a Austrália e o fuso de 13 horas ainda atrapalha bem as transações. Aconselho comprar o seguro via agência de viagens, que vai sair um pouco mais caro, mas garante que a coisa será feita sem enguiços!

Eu fiz o meu seguro pela Austrália Brasil e foi bem tranquilo. Eles fizeram os trâmites com a seguradora e eu só paguei. Depois, tendo em mãos o documento que comprovava a aquisição do seguro, pude dar entrada no pedido de visto. Muitas empresas que vendem cursos no Brasil incluem no pacote o seguro saúde internacional. É preciso se certificar que em meio a toda papelada que vai enviar para a instituição australiana, constem os documentos para obtenção do seguro.

São várias as empresas que fazem o seguro internacional para estudantes e trabalhadores e que podem se diferenciar um pouco na cobertura e preço do seguro. Algumas das mais conhecidas são: Australian Health Management OSHC, BUPA Australia, Medibank Private, OSHC Worldcare e NIB OSHC.


O OSHC o ajuda a pagar consultas médicas em hospitais, consultório médico ou a domicílio. Na prática, o seguro cobre 85% do preço tabelado seguro cobre 100% do preço tabelado desde que seja em hospital público. E no caso de um hospital privado, o seguro cobre parte dos custos. O OSHC não cobre despesas com dentista, fisioterapeuta, oftamologista, nem gastos com remédios e ambulância. Cada seguro tem suas peculiaridades e é fundamental ler todo o contrato, linha por linha, para não se arrepender da escolha do plano na hora em que precisar contar com ele (hora de bater três vezes a madeira!).


Meu seguro, por eu ter vindo na condição de dependente (o marido, no caso) de quem vinha estudar/trabalhar, teve que ser o mesmo que o dele, por uma exigência da embaixada para conceder o visto. Fizemos a cobertura mais econômica do Medibank, que custou por volta de R$3200,00 para nós dois, pelo período de seis meses. Mas depois de ter torcido o tornozelo enquanto escorregava idiotamente pela escadaria de Jan Juc Beach, deslumbrada com a vista do horizonte feito uma monga, e precisei utilizar o seguro, percebi que nossa cobertura era péssima.


O Medibank não cobriu despesa alguma e tivemos que arcar com todo custo no hospital. Precisamos pagar no ato pelos exames de raio-x, aluguel de muletas e depois corremos em vão por dois meses atrás da seguradora para pedir o “refund”. A justificativa foi a de que nosso plano cobria apenas despesas em caso de internação hospitalar. Como não me arrebentei o suficiente para ser internada, entubada, operada, desenganada e quase enterrada, eles se recusaram a cobrir pelo rombo que tivemos!


Sugeriram-nos dar um upgrade no plano para que emergências passassem a ser cobertas também, mas ficamos indignados e nos recusamos a dar um centavo a mais que fosse para os mercenários sanguinolentos do Medibank! No site da seguradora, as informações são pouco óbvias aos viajantes, mas vale ler com atenção cada cláusula para não acabar se sentindo desamparado e falido do outro lado do mundo antes de confiar no seguro que está comprando!

 
Moral da história: o barato sai caro e o caro sai barato! Se optar por fazer o plano mais econômico, que seja pela categoria mais elevada que possuírem, ou torça para ser atropelado por um trem em vez de rolar estupidamente alguns degraus numa escadaria velha qualquer!

Para mais informações sobre os seguros, vale acessar este site! Mas para garantir uma estada segura de verdade, vale mesmo é contar com a sorte e trazer na mala de mão uma ferradurinha, um trevo de 4 folhas, um pé de coelho, um olho grego, uma pimentinha, um patuá, uma folha de arruda, um punhado se sal grosso...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Trabalhando na Austrália: a nova corrida do ouro!

Sydney, a décima melhor cidade para se viver!

Um vasto território para se conquistar!

O pote de ouro está mesmo aqui!

Muita gente vem para a Austrália para estudar inglês, e de quebra, trabalhar, para bancar o curso e as viagens país afora. Isso porque o visto de estudante dá direito a trabalhar meio período. Acredito que o número de estudantes vindo para cá esteja aumentando mais ainda em função das novas regras que o Reino Unido adotou, recentemente, na emissão dos vistos, complicando a vida dos estudantes que pretendiam trabalhar por lá.


Apesar de ter o direito de trabalhar aqui, preferi continuar freelando pela internet, na minha área, recebendo em Reais, no Brasil. Os freelas que faço fora, recebo por transferência internacional ou Western Union e não preciso prestar conta alguma ao governo daqui sobre isso. Mas quem prefere ter um emprego aqui, além do carimbo no passaporte, precisa solicitar o TFN - Tax File Number, um número que os contratantes precisam para registrar e recolher os impostos dos empregados. Para conseguir o tal número, basta acessar o site da Australian Taxation Office e clicar em TFN. Não há custo pelo serviço, é só preencher o formulário com dados como o endereço e número do passaporte.

Quando o emprego é mais formal, do tipo ser fornecedor, o estudante vai precisar fornecer o ABN - Australian Business Number. A solicitação é feita também via online. Ao solicitar o ABN, é preciso descrever as características do trabalho que será realizado, para definir a tarifa a ser aplicada. No fim do ano fiscal, quem tiver optado por esta forma de trabalhar precisa declarar imposto de renda!


A maioria dos estudantes acaba procurando um part-time job, ou seja, até 20 horas semanais de labuta. As opções mais comuns são: Hospitality - Hotelaria e restaurante, Office Cleaner - serviço de limpeza em escritório e Construction Cleaner - limpeza de obra. Tudo meio subemprego. Mas tenho vários conhecidos que largaram carreiras diplomadas no Brasil para trabalhar nestas áreas aqui e não se arrependeram nem um pouco!

Os full-time jobs são mais difíceis de se conseguir, porque exigem até 40 horas semanais, ultrapassando o limite do visto de estudantes. Para conseguir trabalhar por período integral é preciso uma carta de Sponsorship da empresa contratante, no qual assume que se responsabiliza pelo empregado no país. Geralmente, os High Skilled Professionals são os que obtêm este tipo de visto.

E há os que optem por não se prender a horários fixos e compromissos sérios. Empresas que mexem com eventos costumam contratar os Casual workers. O serviço de Catering, tipo garçom, é um dos mais procurados nesta categoria! Para trabalhar casualmente é preciso se inscrever em agências que operam com este tipo de colocação, especificar o que está disposto a fazer e aguardar a convocação. Tenho uma amiga que viveu disso por dois anos, trabalhando em shows de rock e casamentos. Além de divertida a atividade é bem remunerada.


Freelando, pegando no pesado ou apenas curtindo o ócio criativo, a Austrália é o lugar certo para quem quer juntar uma grana e se divertir acima de tudo. Para se ter uma noção, recentemente, numa pesquisa sobre qualidade de vida Sydney foi eleita a décima melhor cidade do mundo e Melbourne, a décima sétima. Há mais segurança, mais saúde, mais satisfação geral no ar daqui. E tudo é bem menos burocrático que no Brasil.


O mercado de trabalho também é muito mais dinâmico e o país está com as portas abertas à imigração, convidando profissionais das mais diversas áreas a povoarem seu vastíssimo território. É a Nova  Corrida do Ouro! Não falta nem arco-íris no céu para apontar para o tesouro, porque com tantas facilidades, a Austrália promete fazer muita gente feliz só de pisar no seu solo dourado!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Coisas de Melbourne...

Tem coisa que não adianta tentar explicar, que só vendo faz sentido. Ou não... De lava-rápido de cachorro à camisinha da marca "Ricardão", Melbourne tem de tudo um pouco para surpreender as pessoas! Então vale conferir o que faz parte do cotidiano da australianada para se inspirar, ou pela menos dar umas risadas...



Lava-jato multifuncional: por 15 $ lava-se o carro e por 10$, lava-se o cão no posto de gasolina! Logo inventam um lava-gente ao lado, pra quem quiser se dar aquela gabaritada antes da balada! 



Break dance na Swanston st. A rua toda é um palco, com bandas, performers e até gente pregando a bíblia! Não dá pra perder...



Os telhados da Acland St podem ser tão exóticos quanto as pessoas que transitam por ela!



Não há praia em Melbourne em que não haja águas-vivas. Dizem que elas são inofensivas, mas eu não arrisco encostar!



Diferentemente do Brasil, onde cães são proibidos nas praias, aqui eles são super bem-vindos. Há placas informando os horários em que eles estão liberados! E ninguém acha ruim... Deve ser porque eles são bem limpinhos, tomam banho no lava- jato!



Estes três simpáticos magrinhos ficam na esquina da Swanston St, querendo atravessar. Mas ninguém dá passagem. Vira e mexe aparecem com cachecol e cigarro na boca! Tadinhos...



Pra disputar espaço no céu congestionado de Melbourne (cheio de kites, helicópteros, aviões, arranha-céus, pelicanos, etc...), tem que ter topete! Coisa que as pombas daqui tem de sobra!



Até as pinhas são monumentais na Austrália.  Essa do jardim Botânico devia pesar 1 quilo!



Na maioria dos parques e praças da cidade, existem estas churrasqueiras elétricas. Por 20 Cents o povo faz aquele churras, sem a menor cerimônia! Uma beleza!



Pra quê pagar pra fazer city tour se os ônibus circulam de graça? Em muitos pontos espalhados por Melbourne, é possível tomar estes ônibus ou os city circle trams, que fazem os percursos mais turísticos da cidade, na faixa!



Raramente se vê bitucas no chão, porque o povo é civilizado e porque o governo investe em cinzeirões super estilosos!



O sol nasce para todos mesmo... Cachorros, patinhos, pelicanos e até cisnes curtem as areias de Melbourne.



Em Brighton beach, as famosas casinhas de madeira compõe uma paisagem muito lúdica de dia. Mas à noite, ficam infestadas de ratos! Argh...



A entrada do Luna Park, em St Kilda pode até ser um pouco assustadora, mas os brinquedos são muitoooo divertidos!



Quando se vê da primeira vez, tem-se a impressão de que algum operário maluco se cansou da labuta, despiu-se sem pudores e se atirou ao mar, para refrescar a cabeça ou talvez, mergulhar para o além, deixando seu uniforme na mureta da praia! Mas num segundo olhar, vem a surpresa com a perfeição da escultura, que repousa quase camuflada entre o calçadão e as areias, nos fazendo desejar dar o mesmo mergulho despudorado do operário imaginário...



Com os ventos de Melbourne, os céus ganham cores e movimentos inusitados ao final da tarde, em St Kilda beach, quando dezenas de kite boarders se reúnem para surfar entre o céu e o mar!



Pelo visto o "Ricardão" é um cara bem globalizado. E para os machos mais atiçados, Big Richard é o melhor nicho do mercado!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O caloroso inverno de Melbourne!

Light Hearts, para iluminar as longas noites...

A fogueira, para aquecer todas as tribos!

Jazz, para incendiar a praça!

E a chegada de mais um ao clã, para aquecer de vez o nosso inverno!

Para aquecer nossos corações no frio gelado de Melbourne, só duas coisas poderiam acontecer: 1. Um Festival bem quente ou 2. Uma notícia muito calorosa! E aconteceram as duas.


Na cidade dos festivais, a Federation Square mais uma vez se tornou o palco dos eventos. Começou em dois de junho e vai até dia três de julho, o festival Lightin the Winter, que acontece todos os anos, cada vez com um tema diferente, para espantar o baixo astral típico do inverno. O tema deste ano é o fogo, muito bem representado por uma fogueira colocada na praça. À noite, pessoas se reúnem em volta da fogueira para cantar com músicos que embalam canções bem conhecidas do público, em ritmo de acampamento. E nesse espírito de acampamento são realizadas diversas atividades a seu redor: danças, performances, histórias sobre aborígenes, teatro. Tudo para acender o calor humano.



Também foi construída uma pirâmide de luzes, chamada Light Hearts, com 13m de altura por 17ms de largura, bem no meio da praça. O espaço é público, aberto, transitório, como as estações do ano. Cada dia que passo por lá, algo mudou, as cores de sua fachada, a disposição dos objetos – sofás, tapetes, luminárias, o público. Dentro da pirâmide acontecem workshops artísticos, entre os quais um que ensina a arte de fazer lamparinas. Lamparinas que estão sendo anexadas à estrutura da pirâmide aos poucos, para o catártico dia 18.



No próximo sábado, dia 18 de junho, será celebrado o Solstício, o momento em que os dias passam a ser mais longos novamente, dando a largada para a contagem regressiva para a primavera. Na prática, significa que a cada dia, o pôr do sol será dois minutos mais tarde do que no anterior, o que no caso será às cinco e dois da tarde; cinco e quatro no dia 19, cinco e seis no dia 20, numa sequência longa, mas que nos traz esperança e coragem de enfrentar os três longos meses de frio que ainda vamos encarar. A celebração é uma parada, um desfile, com centenas de pessoas portando suas hand-made lanterns, numa festa com muita música e dança.

Também no espírito de agitar a cidade e espantar o frio, o festival internacional de jazz invadiu o palco da Fed Square. Bandas de diferentes países incendiaram o centro da cidade e fizeram o público dançar (ou pelo menos estalar os dedos) para suportar o frio a céu aberto.

Fogo, danças, ritmos, uma pirâmide, povos aborígenes; um festival bem arquetípico, bem primitivo, porque apesar de estarmos no primeiro mundo e no séc XXI, ainda somos seres em evolução, à mercê das mesmas forças que nos moldaram para chegar aonde chegamos. E reunir a tribo em torno do fogo, com nossos símbolos e rituais de celebração pode ter sido o que nos garantiu chegar tão longe na história e no mapa...

Mas, o que de mais poderoso poderia acontecer para nos fazer ferver de emoção, aconteceu bem longe da Federation Square, em terras tupiniquins e na tela do meu skype. A chegada hoje, de mais um membro para nosso clã veio marcar o início do meu Solstício. E é a 88 dias de voltar para casa que começa minha contagem regressiva, para conhecer o pequeno Vítor, essa faísca de gente que veio ao mundo para aquecer nosso inverno.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Um lindo dia em Olinda!

Nas trilhas coloridas de Olinda...

Pela estrada afora, eu vou bem sozinho...

Sherbrook Forest e as árvores mais altas do mundo!


Ginko Biloba no Rhododendron Park!

Pássaro exótico, no Rhododendron Park!

Paisagem de sonho...

Alfred Nicholas Gardens

Não, você não leu errado. Existe mesmo Olinda na Austrália. Fica 40 kms à leste de Melbourne, numa região montanhosa conhecida como o Dandenong Ranges, situada entre o Mount Dandenong e os vilarejos de Sassafras e Kallista. Se fosse possível fazer uma comparação, Olinda seria Visconde de Mauá, que é a mais popular cidade da montanha, próxima à Maromba, Maringá.


A região que abriga estas pequenas vilas é de pura natureza. São florestas, parques ornamentais e jardins exuberantes, que atraem pessoas em busca de caminhadas e uma estada romântica, porque com centenas de pousadas de charme, alguns spas e restaurantes famosos, cafés aconchegantes e lojinhas tentadoras, não há como não se apaixonar em e por Olinda.


Olinda é bem pequena, não é preciso ter carro para conhecer seus parques, nem a vila. Para chegar lá, basta tomar o trem na Flinders Station, no centro de Melbourne e desembarcar na estação Upper Ferntree Gully (5o minutos); depois, é só utilizar o mesmo bilhete do trem (nos finais de semana é permitido circular com o mesmo tíquete para a Zona 2!!) para tomar o ônibus 688 (que passa de hora em hora) bem na frente da estação e descer depois de 24 minutos, em Olinda. Como há várias pequenas cidades no caminho, parques e atrações, é possível desembarcar do ônibus, explorar a região, e tomar o mesmo 688 depois, para seguir viagem até outros locais. Muito simples, e o melhor, grátis!!


Foi isso o que nós fizemos no sábado. Após a viagem de trem, tomamos o bus 688 e descemos pouco antes de Olinda, em frente à Sherbook Forest, a floresta que possui os mais altos eucaliptosdo mundo. A entrada é gratuita, como na maioria dos parques da região, então vale caminhar pelas trilhas e se deslumbrar com árvores de até 110 metros de altura e mais de 30 metros de diâmetro que compõem a floresta. A única floresta que existe no mundo com árvores além deste porte está na Califórnia, no famoso Parque das Sequóias.


No caminho à Olinda, passam alguns vilarejos fotogênicos, mas como fizemos um bate-volta, não tivemos tempo de conhecer. Em Olinda, vale também caminhar por uma horinha no Alfred Nicholas Gardens, que fica bem em frente às trilhas da floresta de eucaliptos. São jardins ornamentais e paisagens surreais, que mesmo no fim do outono, permanecem deslumbrantes.


Depois de explorar a floresta e os jardins, foi preciso uma pausa para o almoço e para aquecer o corpitcho, afinal, Olinda é bem mais fria do que Melbourne e mesmo com muito exercício, a sensação ao ar livre é congelante. Há muitas opções de lugares para comer na cidade. Acabamos no lotado e premiadíssimo Pie in the Sky, que serve todos os tipos de tortas imagináveis. Uma delícia e bem baratinho!


De lá, fomos para o impressionante National Rhododendron Gardens, um parque bem na encosta dos Alpes australianos, com mais de 40 hectares de árvores, plantas e flores de vários países. Pássaros de espécies raras, raposas, possoms e muitos outros animais também habitam o parque. A entrada é gratuita também, então não há como deixar de conhecer esse santuário ecológico, tão perto de Melbourne!


Há muitos outros parques e jardins na região dos Dandenongs, todos igualmente lindos e imperdíveis. Por isso já pusemos na agenda um retorno à Olinda, dessa vez para um final de semana sem pressa, no inverno, para matar as saudades da neve, porque essa é uma das vantagens de estar na Austrália: praia e sol, Alpes e neve, a menos de uma hora de distância!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Lixo de uns, luxo de outros!

Morados aguardando o City Council recolher os entulhos!

Lixos que são um luxo!

Pedalando por um mundo melhor!
Assim como no Brasil, na Austrália também é crime descartar na rua entulhos, móveis, eletrodomésticos, e seja lá o que for que não esteja ensacado, com tamanho e peso de lixo. A multa aqui varia de $750 a $1500 (dependendo do volume de itens) para pessoas físicas e até $5000 Dólares, se o dono do lixo for uma empresa. Mas isso não impede que o povo descarte tudo na rua. O correto é pagar uma empresa que colete as tralhas e as encaminhe ao lixões, cooperativas de reciclagem e instituições de caridade. Mas como colocar as mãos nos bolsos ninguém quer, pouca gente faz isso. Então o lixo fica criando raízes na calçada até os city councils serem comunicados e se dignarem a recolher tudo.


Outra opção para se livrar das tranqueiradas é doar os pertences às famosas “opportunity shops”, que nada mais são do que lojas que vendem roupas, móveis e todos os tipos de objetos usados. Há inúmeras lojas assim pela Austrália. A mais famosa é a Salvos, que reverte toda a verba arrecadada com as doações para o exército da salvação. Só em Melbourne existem mais de cem lojas! O melhor é que elas são tão populares quanto as lojas de marca, com um público supereclético. Vai gente descolada, senhorinha, tiozão, patricinha... Isso porque é possível comprar peças novas, que encalharam em lojas de shopping, por menos da metade do valor normal, além de peças em perfeito estado, de grifes famosas como a Diesel, Levis, Dolce Gabbana, entre outras, por menos de 20 Dólares.



Mas quem tem preguiça de doar às opportunity shops e não quer arcar com a coleta terceirizada, não se intimida e se arrisca a tomar a multa, pondo tudo para lado de fora mesmo. A diferença do lixo daqui para o do Brasil é que aqui se encontram computadores, televisões de tela plana, camas box de casal, mobílias de todos os tipos, lustres de cristal, etc. Grande parte das vezes, em perfeitas condições de uso. Não há rua residencial em Melbourne em que não se veja amontoados de “lixo” nas calçadas.


Acredito que isso aconteça por duas razões: 1. O povo tem mais dinheiro, então troca de bens com maior frequência e como quase não existe desigualdade social, ninguém sai oferecendo suas velharias para os outros, simplesmente descartam suas tranqueiras ao deus dará.


2. Uma parcela imensa da população é de estrangeiros. Gente que vem para estudar, passar um tempo e depois retorna para seu país de origem. Quando devolvem os imóveis em que residiam, se desfazem do que compraram e que não terão como levar na bagagem, pondo tudo na calçada.


Com isso, os entulhos caseiros viram um transtorno para o governo, que gasta fortunas dos cofres públicos para enviar caminhões de coleta e reciclar o lixo ou descartá-lo aos nada eco-friendly lixões. Por outro lado, esse mesmo lixo está sempre na mira de quem passa. Dependendo do que foi descartado, há “lixos” que não ficam mais de uma hora na rua. Logo alguém encosta com o carro e leva o que vale a pena. Recentemente, foi muito noticiado aqui o caso de um senhor, que como milhares de outras pessoas fazem diariamente, se apropriou do lixo na rua, no caso um aspirador de pó novo. O problema é que por conta disso ele foi levado à delegacia. No final, ele não foi preso nem pagou multa, mas o caso do “roubo”do lixo gerou uma discussão séria no país sobre quem detém a posse do lixo. Uns dizem que é o proprietário, outros dizem que é o Estado, a quem cabe coletar e reciclar o lixo. O fato é que a polêmica acabou com a aceitação de que qualquer um pode coletar o lixo, sem maiores consequências, afinal, isso nada mais é do que reciclar também...


E foi isso o que fiz ontem, amparada pela “pseudo-legalidade” de me apropriar do lixo alheio. Reciclei os meus conceitos e confisquei um bem abandonado. Trash, literalmente. Mas não resisti ao ver no lixo em frente à minha casa, uma bike ergométrica perfeita, abandonada e carente, implorando para que a adotassem e a trouxessem novamente à ativa. A ocasião faz o ladrão? Prefiro pensar que a ocasião, nesse caso, fez uma boa ação: o governo economizou com a não-coleta, o meio-ambiente se livrou do entulho por um tempo e o mundo ganhou uma pessoa mais saudável e feliz! Então, bora pedalar sem culpa, para colaborar com um planeta menos careta e um futuro mais sustentável!