terça-feira, 29 de março de 2011

Austrália, a ovelha negra da família Real!


Uma mochila nas costas e um sonho pela frente...


Estilo Aussie de curtir o agora!


Uma terra que abraça outros povos e culturas...


Viva Multicultural Festival, com gente do mundo todo!


Um dos encantos que fazem querer ficar!

Uma das coisas que mais me chamaram a atenção desde que finquei minha bandeirinha brasileira aqui em Melbourne foi o estilo de vida do australiano. Ou melhor, da população da Austrália, porque com mais de 25% dos residentes sendo nativos de outras nações  (os britânicos em primeiro lugar, depois europeus de outros países, seguidos por imigrantes da Nova Zelândia, China e Índia), fica complicado falar só em “australianos”. 

Depois de ter morado na Inglaterra, cheguei à conclusão de que a colônia britânica aqui foi uma “ovelha negra” da família Real, rebelde aos princípios da tradição pregados e até hoje seguidos pelos ingleses. Digo isso, com base em algumas comparações que tenho feito até agora. Diferentemente da cultura britânica, percebo que o povo na Austrália não cultiva o passado, construído ao longo dos mais de dois mil anos de civilização de sua metrópole; não ressentem o peso de guerras; não endeusam o nome de guerreiros sanguinolentos; não veneram as igrejas góticas, românicas ou protesantes; e também não fecharam suas fronteiras para quase todo o mundo, despachando sem delongas quem quiser ficar para um cafezinho.

Ao contrário, aqui sinto que eles veneram o presente e a quebra de paradigmas; cultivam a leveza, típica das crianças que ainda estão se descobrindo, em seus pouco mais de 200 anos de história (desde 1770, ano em que o explorador e capitão James Cook chegou por essas bandas e reinvidicou o continente para os ingleses); eles endeusam os templos do surf; reverenciam as dádivas da natureza; seduzem e convidam o mundo para que fique pra depois do jantar.

Não que a população aqui não vá às igrejas, não tome o chá das cinco, ou não celebre o Remembrance Day; eles fazem tudo isso. Mas o peso que se dá a estes eventos parece ser infinitamente menor do que o que seus colonizadores dão. O olhar do britânico, a meu ver, apesar de muito simpático, é sempre meio contaminado por uma nostalgia, um luto, uma culpa, pelo medo. Aqui, o olhar do povo é mais espontâneo, mais objetivo, mais livre e mais destemido, como o de toda boa ovelha negra deve ser.

Enquanto as opções de lazer são muito mais indoors no Reino Unido, na Austrália há mais o que fazer ao ar livre. Por lá, vai-se aos museus, todos gratuitos, reverenciar o passado; por aqui vai-se para as ruas, reverenciar o presente. Sim, porque apesar do clima instável de Melbourne e do friozinho que faz aqui (clima semelhante ao de Curitiba!), o povo vive na rua. Há uma infinidade de cafés e restaurantes com mesinhas nas calçadas, que estão sempre lotados, a qualquer hora do dia, faça chuva, faça sol. Em vez de academias, o povo prefere se exercitar ao ar livre; correm na praia, nos jardins botânicos, nas ruas; só não ficam dentro de casa! E além de viajarem muito pelo país, as pessoas usufruem dos inúmeros festivais e eventos que as prefeituras e associações promovem durante o ano inteiro.

O astral é sempre otimista, de festa. Se Hemingway tivesse passado por aqui, talvez tivesse escrito “Melbourne, e não Paris, é uma Festa!”. Nestas minhas primeiras quatro semanas em Melbourne, já fui a três festivais de peso: O Moomba Festival; o Food and Wine e o Viva Multicultural. Todos gratuitos, ao ar livre e com grande público. Mas a agenda de festivais não para por aí. Só em Melbourne, há ainda mais de 20 festivais previstos para 2011! Isso sem contar os eventos anuais, o Australian Open, Grand Prix de Melbourne, campeonatos de golfe, ciclismo, corridas de cavalos, etc.

Quem vem estudar inglês na Austrália, deve saber que o desafio é maior aqui. Além do sotaque fortíssimo do povo, há muitas gírias, que dificultam bem o aprendizado da língua. E as tentações outdoors são muitas... Por isso talvez, o aprendizado da língua se dê bastante fora das salas de aula, no dia a dia, no contato com os locais. Já na Inglaterra, nada que uma boa e quentinha sala de aula, com horas a fio entre livros e cds, não resolvam... 

A Austrália pode até ter fama de fácil e disponível, rebelde e atrevida, de distante e perigosa, diferente de sua "mãetrópole" Real, sempre se fazendo de difícil, certinha, diplomática e segura.  Não que a metrópole mãe não seja um lugar lindo e feliz para se viver, mas em termos de entretenimento e qualidade de vida, a colônia britânica sai na frente. Cada vez mais, a Austrália conquista legiões de fãs apaixonados, prontos a deixar tudo pra trás em busca de seus encantos.  Talvez, esse poder de conquista seja seu maior trunfo, afinal tem sempre que existir  uma grande compensação em ser a “ovelha negra” da família!

Um comentário:

Motels Sunshine Coast disse...
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