domingo, 31 de julho de 2011

A fotogênica e histórica Queenscliff!

A rua principal, com suas fachadas Vitorianas!

A Baía e suas trilhas perfumadas circundam um lado da cidade...

O azul turqueza do mar banha o outro lado...

E as trilhas entrecortam essa semi-ilha!

Do outro lado, Sorrento, de onde parte o ferry!

Mar com cara e cor de piscina!

A praia é para todos!

As pedras e a areia invadem o mar e ajudam a formar o terrível "RIP"!


Para invadir o azul do mar, píers...


Um dos 3 Faróis entre Point Loinsdalle e Queenscliff!

Fica a cem quilômetros de Melbourne, uma das cidades mais fotogênicas que já visitei em Victoria. Queenscliff, ou a “Colina da Rainha” é mesmo um lugar majestoso, localizado bem na entrada da baía de Port Phillip, na Peninsula Bellarine. Quase uma ilha, a pequena cidade é rodeada de água por três lados e pode ser alcançada por Ferry, a partir de Sorrento, numa viagem de uma hora por belas paisagens, ou pela estrada, a partir de Geelong.


Eu e o Mário fomos até Geelong de trem, a partir da Southern Cross Station em Melbourne (uma hora de viagem) e depois tomamos o ônibus 76 para Queenscliff (50 minutos). Descendo na rua principal, bem em frente ao Centro de Informações e ao Vue Grand Hotel, já se nota que a cidade preserva até hoje as características de seu passado glamoroso. Fachadas cheias de detalhes, características da Era Vitoriana, enfeitam os muitos cafés e restaurantes, lojas e antiquários e as casas de moradores endinheirados. As ruas amplas e arborizadas são envoltas pelo verde vivo dos belos jardins; pela Swan Bay e suas trilhas perfumadas de flores (ao lado da linha férrea histórica Ballarine Railway); e pelo azul turqueza inacreditável do oceano, fazendo a alegria de qualquer fotógrafo profissional, ou amador.


A caminhada de uma hora, que conduz de Queenscliff à Point Lonsdale, é o ponto alto do passeio. Faróis (House lights) e píers nas praias compõem o cenário ideal para viajar no tempo e na história, sem abrir mão momento presente. Isso porque além de belas paisagens, a região de Queenscliff tem uma história bem interessante...

 
Para abreviar o seu passado, vale a pena conhecer a história de William Buckley, um prisioneiro inglês que foi trazido à Austrália para povoar os assentamentos dos colonizadores e que fugiu da prisão de barco, com outros prisioneiros. O barco naufragou na fuga e ele foi o único sobrevivente. Após morar por anos em cavernas, sobrevivendo à custa da pesca, Buckley se uniu a uma tribo de aborígenes e viveu por anos entre eles. Tempos depois, a Coroa perdoou seu crime (roubo, mas há controversas...) e ele retornou à sociedade, casado com uma integrante de sua tribo. Tornou-se um intérprete e conhecedor da cultura aborígene e foi imortalizado como um líder pacifista e intermediador das relações entre colonizadores e aborígenes, ou “verdadeiros donos da terra”, como os australianos costumam chamá-los.

 
O mar de Queenscliff também tem seu lugar na história. Bem em frente à praia, fica o Estreito de Bass, numa posição estratégica no mapa da Austrália. Durante o período das Grandes Guerras, o estreito foi alvo de muita cobiça por parte da Rússia e do Japão, uma vez que conduz à Baía de Port Philip, onde está Melbourne. Por conta das constantes ameaças de invasões, foi construído um Forte Militar bem em frente à praia. Os canhões ainda apontam para o mar e para a cidade, relembrando a potência do forte, e hoje são chamarizes para turistas conhecerem a herança militar da cidade.

Mas nem seria preciso canhões para acabar com os invasores, porque o maior aliado do exército era o próprio Estreito de Bass. Isso porque pedras submersas, correntes e ventos perigosos castigam a passagem continuamente e tornam navios os maiores alvos de seus caprichos. O famoso “Rip, ou redemoinho de Queenscliff, é tido como um dos mais perigosos do mundo, tendo vitimado muitas embarcações, “Mecas” de mergulhadores por aqui. Sua má reputação é tão forte, que ele é chamado de o “Triângulo das Bermudas” da Austrália.

Três faróis e muitos radares tentam levar alguma luz aos que atravessam a passagem traiçoeira do estreito e são como o Graal dos turistas que visitam a cidade, sedentos por uma aventura. É possível visitar os faróis em certos horários. Também o Museu da Vida Marítima é interessante para quem quer saber mais sobre o que habita as águas de Queenscliff. Basta dar uma passada no Centro de Informações e pegar mapas e folhetos das atrações. Depois, é só empunhar a câmera e se esbaldar nos cliques!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

As riquezas de Ballarat!

O centro preserva a arquitetura original!


Sovereign Hill, uma das riquezas de Ballarat!

Demônio da Tasmania no Wild Life Park

Museu do Tram!


Os parques e o passado militar, lado a lado!

Sequóia do Jardim Botânico

Paisagens bucólicas no lago Windouree

A pouco mais de uma hora e meia de viagem de trem, partindo de Melbourne, fica a "pequena grande" cidade de Ballarat. Modesta, ela não revela de cara todas suas riquezas. Num olhar desatento, ela passa batido, parece apenas um vilarejo colonial engraçadinho e nada mais. É somente após uma breve pesquisada sobre seu passado e uma bela caminhada para além de seu centrinho, que se percebe a importância da cidade para o país.

O fato é que Ballarat começou a ser povoada aos poucos por colonizadores, em torno de 1830, mas em 1851, a descoberta de ouro na região abalou a tranquilidade do lugar e atraiu milhares de pessoas em busca de fazer fortuna. Muitas de fato fizeram, em meio à corrida do ouro,  numa leva de imigrantes provenientes de mais de 20 países. Num cenário de esperança e otimismo, Ballarat se expandiu, sem perder o charme da época. As construções da cidade preservam o passado em suas fachadas detalhadas. As avenidas largas, com canteiros arborizados e repletos de esculturas homenageiam aqueles que figuraram entre os mais poderosos da época, bem como soldados mortos nas grandes guerras e revoltas locais e líderes políticos.

Com o esgotamento das minas de ouro da cidade na década de 70, Ballarat precisou se reinventar para se manter atraente. Muitos cafés e restaurantes estilosos, teatros e hotéis históricos são herança deste período de fartura, onde os poderosos se reuniam. Também uma galeria de arte, que expõe importantes obras nacionais; o museu do tram, onde estão modelos antigos do meio de transporte mais utilizado em Melbourne; e a natureza protegida da cidade, com seu verde exuberante, tornaram-se as novas moedas locais, atraindo turistas de todo o país.

O belíssimo lago Wendouree, conhecido por ter sediado as modalidades aquáticas dos nos jogos Olímpicos de 1956 e o Jardim Botânico, que ostenta espécies regionais e importadas de árvores, como as gigantescas Sequóias americanas, estão entre as maiores riquezas da cidade. Percorrer todo o entorno do lago é um passeio incrível, no qual se pode observar espécies diferentes de pássaros e plantas, colinas ao horizonte e paisagens bucólicas inspiradoras.


Além destas joias, Ballarat é famosa por duas atrações renomadas e premiadas: o Wild Life Park, que abriga centenas de animais selvagens, como cangurus, coalas, wombats, crocodilos e serpentes; e o aclamado Sovereign Hill, um museu a céu aberto que recria a vida dos colonizadores de Ballarat durante o apogeu da Corrida do Ouro. O “museu” foi eleito a melhor atração do país em 2005! Pessoas vestidas com roupas da época perambulam por uma “cidade-cenário” perfeita, onde acontecem descobertas de ouro, brigas entre mineradores e exploradores, além de verdadeiros shows que encenam o cotidiano dos colonizadores. A entrada é quase a preço de ouro: 36 Dólares por cabeça e inclui a entrada para o Museu do Ouro. Já o parque de vida selvagem cobra 24 Dólares por pessoa e dá direito a interagir com os animais e assistir às apresentações de répteis.

Por estas riquezas é que Ballarat merece uma visita. Afinal, investir em recordações valiosas é sempre um bom negócio!


*Para chegar a Ballarat partindo de Melbourne, basta tomar o trem VLine na Southern Cross Station, que ele para bem no centro da cidade. Com o tíquete mensal ou semanal do Metlink a passagem sai mais em conta (por volta de 10 Dólares ida e volta). Para chegar ao Sovereign Hill, basta tomar o ônibus 9 no estacionamento da estação de trem. O mesmo ônibus também passa pelo parque. O transporte é gratuito para quem mostrar o tíquete de trem da VLine!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Austrália para andarilhos!

Andarilha por natureza, aqui encontrei o meu caminho!
Trilhas bem sinalizadas para todo mundo caminhar!
A profusão cores dá o tom das trilhas...

Koonia: formas de Dalí, num cenário de sonhos...

O que vale é a trilha pela trilha, os meios justificam o fim! 
Não há como negar que a paisagem australiana seja mesmo incrível, vibrante, dinâmica, colorida, como uma aquarela inteira em uma tela de Dalí: o azul que (con)funde céu e mar, o magenta que batiza a terra batida, o verde que dá vida aos arbustos, o amarelo do sol que se derrete no legítimo tom “blond-aussie” das madeixas regionais; tudo numa tela de beleza surreal, cenário onírico de arquétipos.
 
Opostos compõem a natureza australiana: a neve e o deserto; penhascos e ilhas; mares revoltos e piscinas naturais; animais dóceis, selvagens e animais já extintos no resto do planeta; os Alpes nevados e os vales imensos; uma geografia incomparável no mundo, à mercê de um clima extremo. No meio do mar ou no topo de rochedos, faróis (ou light houses) relembram a vulnerabilidade do homem em meio à natureza hostil e ao mesmo tempo apaixonante do país. Também o tempo passa diferente por aqui. Coexistem de forma harmônica, a construção do futuro sobre os pilares de um passado muito remoto e ainda presente.

Todo esse conjunto de elementos poderia ser um sonho, um prato cheio para um psicanalista analisar, se não fossem o combustível de milhares de andarilhos que encontram nas trilhas da Austrália, um estilo de vida. Com incontáveis trilhas por todas suas regiões, o país é um deleite aos andarilhos. Trilhas bem sinalizadas e preservadas entrecortam todas as regiões e possibilitam o contato com essas realidades tão distintas e igualmente magníficas.



Muitas trilhas não requerem mapas nem muito preparo físico para darem de bandeja o acesso a visões deslumbrantes da natureza. Eu mesma já percorri muitas delas por aqui e acho impossível ranqueá-las. Cada lugar tem uma beleza única, incomparável, e acredito que por onde quer que se embrenhe mato adentro por estas bandas se consiga obter o mesmo efeito oh-ah–oh-ah!, de deslumbramento diante das paisagens.


Alguns sites ousam definir as melhores caminhadas da Austrália, mas com exceção da Great Ocean Road, nenhuma das trilhas sensacionais que percorri – Sorrento, Dandenong Ranges, Mornington Peninsula, entre outras, constava dos ranks. Por isso, vale ter a mente aberta na hora de escolher a rota e não ficar aprisionado por opiniões subjetivas alheias. Mas aconselho aos andarilhos, de primeira viagem ou não, a darem uma olhada no excelente blog Bush Walking. O andarilho blogueiro posta todas as informações sobre as trilhas que percorreu no estado de Victoria, com fotos e detalhes essenciais para quem quiser seguir seus passos, literalmente. É muito objetivo e prático!


Depois, é preparar a mochila com o piquenique, protetor solar, repelente (se for o caso), mapas (sempre tem todos e mais um nos centros de visitantes – i), máquina fotográfica e seguir o lema do andarilho:

“Não deixar nada que não sejam pegadas, não levar nada que não sejam memórias, não matar nada que não seja tempo.” De resto, é aproveitar a caminhada e pensar que percorrer uma trilha é mais ou menos como saber aproveitar a vida, é caminhar movido pela beleza da própria trilha, sem pressa, aproveitando cada etapa; é a caminhada pelo caminho em si, os meios justificam o fim!

domingo, 17 de julho de 2011

As Docklands de Melbourne, um tesouro a ser descoberto!

As alamedas ainda meio vazias...
foto: tripadvisor.co.uk

As luzes, os recortes na água, os edifícios, a festa está montada!
Foto: pierlite.com.au

Gramados com esculturas malucas dão um ar lúdico às docas!
Foto: blueskyphotography.wordpress.com

A futurística Webb Bridge, mais destino final do que um meio!
Foto: dgrin.com

A maioria das cidades portuárias turísticas que conheci soube aproveitar da paisagem naturalmente interessante das docas para estruturar uma rede atraente de lazer e negócios, capaz de alavancar ainda mais o turismo local.

 
A região portuária de  Barcelona, por exemplo,  mescla o clima medieval do Bairro Gótico com o ar moderno dos bulevares, cheios de lojas e restaurantes sofisticados; Atenas, com o porto de Piraeus, atrai milhares de visitantes não só para embarcarem nos cruzeiros que rumam às ilhas gregas, mas também para conhecerem a região que está no centro de muitos sítios arqueológicos, numa área famosa pela riqueza cultural, berço de museus importantes e teatros históricos. A região das docas de Liverpool, na Inglaterra, depois do Cavern Club, talvez seja a atração mais procurada da cidade. Com sua arquitetura industrial preservada, a área adquiriu um charme próprio, imprimindo uma personalidade apaixonante às dezenas de restaurantes, lojas, cafés, galerias de arte e museus que circundam as marinas. Também o bairro de PuertoMadero, em Buenos Aires, com suas famosas churrascarias, cafés e  alamedas amplas, entre edifícios modernos e parques ecológicos, é um cartão-postal que os portenhos exibem com orgulho ao mundo.


Em Melbourne, não poderia ser diferente. Infelizmente, para minha surpresa, só agora conheci verdadeiramente a região das docas. Por ser muito recente talvez, as docklands são um verdadeiro tesouro ainda a ser descoberto. Localizada na parte de trás do imponente estádio Ethiad, as Docklands ficam a oeste da cidade, ocupando uma área de mais de 500 mil metros quadrados.

Contornando de forma geométrica os canais do Yarra River, dezenas de restaurantes elegantes dividem espaço com prédios residenciais futuristas, hotéis e centenas de lojas (inclusive outlets de marcas famosas), que fazem parte do Harbor Town, uma espécie de shopping a céu aberto. Um complexo de patinação no gelo e academia, sorveterias, casas de amusements (jogos eletrônicos), um parque de diversões para crianças e a estrutura do que será em breve uma roda gigante estilo London Eye, além de esculturas modernas espalhadas pelas alamedas também disputam a atenção de quem passa por lá. Não bastasse todo este conjunto de atrações, os iates e lanchas descoladíssimos atracados na marina fecham com chave de ouro o cenário das docas.


Para chegar a este paraíso dos sentidos, pode-se tomar o City Circle, que é o tram vintage gratuito, ou o Tram 70; ambos partem da Flinders Street e param exatamente em frente à região das docas. A viagem leva apenas dez minutos do centro, mas fica fora dos olhos de quem viciou no circuito Federation Square - Swanston - Collins Street e no subúrbio de St Kilda.


O lugar é realmente espetacular, mas por alguma razão que desconheço, parece que ainda não é tão explorado pelos turistas. Toda aquela vastidão parece ainda pouco povoada e inexplorada. Por conta disso talvez, todas as sextas-feiras do mês de julho a prefeitura esteja promovendo uma grande queima de fogos, seguida de shows de bandas variadas nas docas. Eu já conferi e adorei. Sexta que vem, estarei lá novamente. E quem sabe no sábado, e no domingo, e na segunda também...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Duas atrações e uma ressaca existencial!

Melbourne Museum, imperdível!

Dinos, múmias, fósseis, corpos... De tudo um pouco.

Eureka Tower, atmosfera meio Jetsons para entrar no clima!

Do alto, tudo muda de perspectiva...

Será que a gente consegue ter foco na vida?

Falta a faísca Matrix, o olhar Eureka pra gente se situar!

Recentemente, estive em duas das mais conhecidas atrações de Melbourne, o Melbourne Museum e o edifício  Eureka Tower. E a partir destes encontros com dois mundos aparentemente desconexos, entrei numa crise existencial. Vou tentar explicar...

O primeiro é um museu imenso, incrível, não de arte em seu conceito mais popular, mas de história. No lugar de esculturas, múmias; animais extintos empalhados; minérios e cristais raros; corpos humanos dissecados; fósseis e esqueletos de dinossauros. Galerias e galerias com mostras interativas; um cinema 3D com filme sobre a formação dos planetas e a vida na Terra; exibições sobre a mente humana, com um acervo de instrumentos e estudos utilizados no passado pela psiquiatria, cabines com a simulação de sonhos, ambientes cheios de ilusões de ótica, que abalam nossas percepções... Também uma floresta de verdade, com espécies vegetais interessantes, e um espaço que tributa sobre as raízes aborígenes do povo australiano, com músicas tribais e artefatos utilizados por eles, recriam uma atmosfera meio “Atlântida” no museu, nos transportando a um tempo que já foi, mas que parece nunca ter sido...


A viagem pelo museu é intensa e deve ser feita com muito tempo. É preciso de no mínimo um dia inteiro entre suas paredes para dar conta de todo seu acervo e dos milhares de anos da evolução das espécies. Até novembro, uma exposição sobre Tutancâmon enriquece mais ainda o museu. Múmias e artefatos egípcios de sua era foram trazidos para o subsolo, atraindo milhares de turistas diariamente para reverenciarem seu legado. O ingresso para o museu é de 8,50 Dólares para adultos e é gratuito para estudantes. Mas para conferir o Faraó, é preciso desembolsar mais 38 doletas.


A segunda atração que visitamos foi o edifício Eureka Tower, o ponto mais alto de Melbourne. A quase 300 metros do solo, alcançável após uma viagem expressa de elevador a 9 m/s, chega-se ao 880andar. O lugar é inteiramente envidraçado, com uma vista 360 graus da cidade. O ideal é chegar perto do final da tarde, para ter a visão do dia e da noite de Melbourne. Num ambiente de penumbra, que nos conduz ma um nível mais baixo de consciência, entre pufes, lunetas e centenas de pessoas deslumbradas, o lugar é uma loucura. Enxergar do alto, no contexto do todo, redescobrir distâncias, redimensionar proximidades, perceber novos caminhos, encontrar novos lugares, tudo é possível quando se está por cima. Saí de lá tonta, confusa, perdida, com a vaga noção de que o mundo não é plano...

Entre uma atração e outra neste final de semana, percebi que somos uma fração mínima num todo que está sempre em construção. E que no meio desta construção interminável, não temos dimensão do nosso tamanho, nem de onde estamos, nem de para onde estamos indo. Na vida nos falta um estado de suspensão 360 graus, o distanciamento de nós mesmos, de nossas histórias, nossos vínculos, de tudo o que fazemos, de tudo o que somos, para enxergar aonde de fato nos encaixamos, se é que nos encaixamos. Precisamos nos despir de nosso egocentrismo, que nos cega de enxergar que o passado é tão ou mais importante que o nosso presente e que o lugar que ocupamos hoje, amanhã será ocupado por outra pessoa; somos elos substituíveis de uma corrente em contínua transformação. Este estado de supremacia absoluta que a visão de cima proporciona deve ser algo que os iluminados conseguem utilizar com sabedoria no dia a dia, ou os muito “terapeutizados”, ou os muito criativos, ou os loucos mesmo.

Essa sensação de ser um rato no labirinto, de viver com a vista única da “tromba do elefante”, acreditando que isso é o elefante, isso me deixou um pouco em parafuso. Entre o Big-Bang e o dia de amanhã, em algum lugar nos situamos, mas nos falta essa faísca Matrix de parar no ar, esse estalo além, esse olhar eureka na vida para percebermos de fato qual é hoje, o nosso lugar.



Espero que a crise passe logo, porque ainda não sei me situar na minha vida, na dos outros, nesse mundo, ou em outro. Mas acho que pouca gente sabe na verdade, ou acha que sabe. Talvez esse seja o sentido da vida, descobrir o nosso lugar; se é que ela tem algum sentido... Enfim, só sei que nunca mais misturo museu com torre, um coquetel forte demais e que pode deixar uma ressaca de surtar!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

WC pra ninguém passar aperto!

Banheiros tradicionais, mas decentes nos parques!

Nada de Banheiros Turcos, aqui a coisa é digna!

Os banheiros zen: música ambiente pra descontração privada!

Sou uma destas pessoas diuréticas, que mal bebem um copo de água, já precisam eliminar o excesso de líquidos. Por conta disso, em todas as viagens que faço, eu passo aperto, literalmente. Mas diferentemente do Brasil - onde há raros ou inutilizáveis banheiros públicos e na Europa, onde a maioria dos toaletes nas ruas é paga - na Austrália, há inúmeros banheiros por onde quer que se vá, todos gratuitos e na maioria absoluta das vezes, em ótimas condições de uso!


Antes que você comece a pensar que este post é uma "M#!**@!", saiba que o número de banheiros é indicativo de riqueza e por que não, qualidade de vida. Por isso, entenda este post como uma prova orgânica do padrão que se encontra por estas terras. Marcar o território por aqui é mais do que um sonho para muita gente, é questão de tirar a prova de que o país é mesmo tudo isso. Ou você não julga a qualidade do restaurante pelo nível do banheiro?
 
O fato é que para conferir ou para aliviar a minha situação, já testei muitos dos banheiros públicos de Melbourne. Mesmo com a maioria deles sendo mesmo muito decente, preciso assumir que  algumas poucas vezes precisei segurar as pontas um pouco mais até encontrar outro toalete mais higiênico. Afinal, o governo faz o que pode, mas parte do povo teima em não cooperar com a limpeza. 

O mais divertido, é que há vários modelos disponíveis pela cidade, incluindo os das praias, trilhas e ruas: os tradicionais, feitos de ferro verde, que se mesclam à paisagem de parques; os rústicos, cor de areia, em frente à praia, com espaço para vestiário; os sustentáveis, como o da Federation Square, que utiliza água da chuva; e os toaletes zen, que tocam música calma para relaxar os usuários. Este modelo é o mais agradável de utilizar. São cabines individuais, com portas e descarga automáticas. Tudo funciona com o clique de um botão e a descarga dispara apenas quando a pessoa lava as mãos, o que estimula o fim da porquice! O problema é que o prazo máximo para ocupar a cabine são 10 minutos, depois disso as portas abrem automaticamente. Nunca me deparei com uma abertura inesperada e a visão de alguém em pose comprometedora num dos toaletes zen, mas tenho uma suspeita de que isso deva acontecer com certa frequência. Por isso, imprescindível marcar o tempo, ou não arriscar nada mais elaborado...


Importante notar que há muitos sinônimos para a palavra banheiro: toilet, W.C., loo, gentlemen's room, ladies' room, lavatory, little boy's room, little girl's room, bathroom, comfort station, commode, garderobe, latrine, men's room, women's room, outhouse, potty, powder room, privy, restroom, throne, washroom, water closet. Todos os termos se referem a banheiros com aspecto digno e agradável. E respire aliviado, porque por aqui nunca se encontrará um “turkish toilet”, definição dos temidos banheiros típicos de países mediterrâneos (Itália, Turquia, Grécia...), onde por alguma razão inexplicável, se acredita que um buraco no chão represente uma privada!

Em termos de facilidades sanitárias na Austrália, existem duas verdades: Número 1: onde quer que se esteja, haverá um banheiro por perto; e Número 2:  o uso deste banheiro será gratuito! Então saiba que por aqui, não é preciso encarar as filas dos banheiros degradantes e sem papel dos Mc Donalds, ou consumir algo para utilizar o banheiro de algum bar de esquina. Banheiro aqui é questão de necessidade pública, ou melhor, privada, para o bem comum!
 
Abaixo, a lista com os endereços dos banheiros públicos nas ruas de Melbourne, para ninguém passar aperto nos passeios!


Alexandra Gardens
Boathouse Drive, Melbourne
Open 24 hours


AMP Building
Church Street & Bourke Street, Melbourne
Open: Mon-Fri 7am-5pm


Australia On Collins
260 Collins Street, Melbourne
Open: Mon-Thu 7am-6pm
Fri 7am-8pm
Sat-Sun 8am-5pm

Birrarung Marr - Speakers' Corner
Near playground, eastern end of ArtPlay building.
Batman Avenue, Melbourne
Open 24 hours

Collins Place
45 Collins Street, Melbourne
Open 24 hours

Exhibition Street & Collins Street, Melbourne

Open 24 hours

Exhibition Street & Flinders Street, Melbourne
Open 24 hours

Corner of Exhibition & Little Lonsdale Streets, Melbourne
Open 24 hours

Flagstaff City Loop
La Trobe Street, Melbourne
Open: Mon-Sat 5:30am-12am
Sun 8:30am-12am

Flagstaff Gardens
Peel Street & Dudley Street, Melbourne
Open: 7am-5pm

Flinders Street Station
Main concourse and Subway near Elizabeth St (ticket required)
Flinders Street, Melbourne
Open 24 hours

Gosch's Paddock, Yarra Park
Punt Road Exit, Melbourne
Open 24 hours

King Street & Lonsdale Street, Melbourne
Open 24 hours

Kings Domain
Alexandra Avenue, Melbourne
Open 24 hours

Kings Domain, Government House
Government House Drive, Kings Domain, Melbourne
Open 24 hours

Kings Domain, Shrine of Remembrance
Birdwood Avenue, Melbourne
Open: 7am-5pm

Latrobe Street & Russell Street, Melbourne
Open 24 hours

Lonsdale Street & Exhibition Street, Melbourne
Open 24 hours

Market Street & Collins Street, Melbourne
Open 24 hours

Melbourne Cricket Ground (MCG)
Ground level (outside) below north eastern light tower.

Queen Street & Collins Street, Melbourne
Open: Mon-Sat 7am-5pm

Queen Victoria Market
Near
Corner Queen and Therry Streets, Melbourne
Open: Tue, Thu 6am-2pm | Fri 6am-6pm | Sat 6am-3pm | Sun 9am-4pm

Queensbridge Street & Flinders Street, Melbourne
Open 24 hours

QV
Corner Lonsdale & Swanston Streets, Melbourne
Open: Mon-Thu 10am-6pm
Fri 10am-9pm
Sat-Sun 10am-6pm

Sidney Myer Music Bowl, Kings Domain
Kings Domain, Melbourne
Open 24 hours

The Walk Arcade
Bourke Street, Melbourne
Open: Mon-Wed, Sat 9am-5pm
Thu 9am-7pm
Fri 9am-9pm
Sun 10am-5pm

Melbourne Town Hall

Collins Street & Swanston Street, Melbourne
Open 24 hours

Victoria Square
Elizabeth Street, Melbourne
Open: 7am-5pm

segunda-feira, 4 de julho de 2011

As Famosas Despedidas de Solteira!

                                                             Tudo em nome da arte!


Ninguém merece passar a véspera entre panelas!

Um brinde à noiva, nas vinícolas de Victoria!

Houve uma época em que se dizia que havia quatro homens para cada mulher na Austrália. Para as assanhadinhas de plantão, uma má notícia: a situação está se invertendo. Parece que diante da propaganda mundial dos cobiçados e aparentemente solitários surfistas parafinados australianos, ocorreu uma migração maciça de solteironas do oriente para estas bandas, acabando de vez com a alegria das moçoilas do Ocidente.


Mas ainda há esperança. O Norte e o Oeste do país ostentam mais machos do que fêmeas. Entretanto, como sempre a natureza encontra uma forma de se estabilizar, certamente em breve uma nova leva de pretendentes deve pousar por aqui para acabar de vez com esse desequilíbrio ambiental inadmissível.


E para essas que vão terminar no altar, em busca de seus aussie mates, aqui vão algumas ideias de como se despedir da longa, cansativa e estressante (ok, ok, da arrebatadora, magnífica e esplendorosa) vida de solteira, em estilo australiano! Sim, porque as despedidas de solteira aqui, ou as Hens Night (acredite, as noite da galinha!), diferentemente das que acontecem no Brasil, com o humilhante chá de cozinha (cujo objetivo é tornar a noiva o mais patético ser vivo e iniciá-la no supostamente tedioso estilo de vida de casada) são uma comemoração pra lá de animada e criativa! Então, para as que vão se casar em terras tupiniquins, vale pelo menos se inspirar nessas despedidas, para não perder a chance de ter uma recordação inesquecível às vésperas das núpcias!


1)       High Tea Parties

Para noivas mais comportadas, os High Tea Parties são um clássico. Em geral, as noivas vão para alguma casa de chá conhecida e se refestelam num banquete de guloseimas. Em Melbourne, por 90 Doletas, as meninas são mimadas com massagens, manicures e claro, muitos comes e bebes. O Chá é feito nos arredores do Jardim Botânico da cidade.


2)      Fun Diva Tour For 20

Um ônibus como o de Priscila a Rainha do Deserto conduz até 20 moças por um passeio hilariante de 2h30 por Sydney, regado a comidinhas deliciosas, drinks e muita música, tudo sob o comando da espalhafatosa Portia Turbo, atriz super Drag do filme. O tpasseio pode ainda acabar com as meninas fazendo uma performance personalizada no Opera House de Sydney! Não à toa, o tour à lá Gaiola das Loucas foi eleito uma das 20 atrações imperdíveis da cidade! Preço para 20 loucas: $3.000,00.



Essa é a proposta de uma noite descontraída e picante em nome da arte. Diante de um belo modelo nu, grupos de “alunas” se reúnem para uma aula de desenho, regada à champanhe, comidinhas gostosas e ao som de um DJ. O stripper, digo, o modelo, vira o centro da festa, com direito a fotografias e performances para animar a moçada! As aulas acontecem em várias cidades do país e são disputadas à tapa, no melhor estilo noivas neuróticas. No fim da festa, ou melhor, da aula, não há aluna que não queira ficar de recuperação! O valor é de 40 Doletas por pessoa, ou um mínimo de $540,00 por noite.


4)      Festa picante

Que tal uma festa com direito à jukebox e karaokê, jogos apimentados, massagistas de plantão, garçons sem camisa e muitas delícias da boa mesa? Com 55 doletas por pessoa é possível garantir uma despedida daquelas, com direito à lembrancinha vibratória para a noiva ao término da festa!



Grupos de no mínimo 10 moças, por 75 Dólares por cabeça, embarcam numa animada excursão de ônibus, percorrendo vinícolas da região de Victoria, degustando (ou mais do que isso, talvez) os diferentes sabores dos famosos vinhos australianos. Mas claro, ao lado das boas recordações, a ressaca vem de brinde no pacote!


Para já começar o clima da despedida em alto estilo, há empresas que cobram por volta de 250 Dólares para conduzir de limusinea noiva e até sete amigas até o destino da despedida, com champanhe e canapés à vontade. Também há pacotes de despedida de solteira em spas, campos de paintball, casas noturnas, escolas que ensinam pole dancing e até cruzeiros temáticos para as mais espivetadas.



Depois da balada, é só tomar um engov e torcer para a experiência não ter mudado a decisão de encarar o altar com aquele gringo dos sonhos; risco que noiva nenhuma no Brasil corre depois de ter passado a noite anterior entediada, ganhando panelas das amigas.