quinta-feira, 2 de junho de 2011

Lixo de uns, luxo de outros!

Morados aguardando o City Council recolher os entulhos!

Lixos que são um luxo!

Pedalando por um mundo melhor!
Assim como no Brasil, na Austrália também é crime descartar na rua entulhos, móveis, eletrodomésticos, e seja lá o que for que não esteja ensacado, com tamanho e peso de lixo. A multa aqui varia de $750 a $1500 (dependendo do volume de itens) para pessoas físicas e até $5000 Dólares, se o dono do lixo for uma empresa. Mas isso não impede que o povo descarte tudo na rua. O correto é pagar uma empresa que colete as tralhas e as encaminhe ao lixões, cooperativas de reciclagem e instituições de caridade. Mas como colocar as mãos nos bolsos ninguém quer, pouca gente faz isso. Então o lixo fica criando raízes na calçada até os city councils serem comunicados e se dignarem a recolher tudo.


Outra opção para se livrar das tranqueiradas é doar os pertences às famosas “opportunity shops”, que nada mais são do que lojas que vendem roupas, móveis e todos os tipos de objetos usados. Há inúmeras lojas assim pela Austrália. A mais famosa é a Salvos, que reverte toda a verba arrecadada com as doações para o exército da salvação. Só em Melbourne existem mais de cem lojas! O melhor é que elas são tão populares quanto as lojas de marca, com um público supereclético. Vai gente descolada, senhorinha, tiozão, patricinha... Isso porque é possível comprar peças novas, que encalharam em lojas de shopping, por menos da metade do valor normal, além de peças em perfeito estado, de grifes famosas como a Diesel, Levis, Dolce Gabbana, entre outras, por menos de 20 Dólares.



Mas quem tem preguiça de doar às opportunity shops e não quer arcar com a coleta terceirizada, não se intimida e se arrisca a tomar a multa, pondo tudo para lado de fora mesmo. A diferença do lixo daqui para o do Brasil é que aqui se encontram computadores, televisões de tela plana, camas box de casal, mobílias de todos os tipos, lustres de cristal, etc. Grande parte das vezes, em perfeitas condições de uso. Não há rua residencial em Melbourne em que não se veja amontoados de “lixo” nas calçadas.


Acredito que isso aconteça por duas razões: 1. O povo tem mais dinheiro, então troca de bens com maior frequência e como quase não existe desigualdade social, ninguém sai oferecendo suas velharias para os outros, simplesmente descartam suas tranqueiras ao deus dará.


2. Uma parcela imensa da população é de estrangeiros. Gente que vem para estudar, passar um tempo e depois retorna para seu país de origem. Quando devolvem os imóveis em que residiam, se desfazem do que compraram e que não terão como levar na bagagem, pondo tudo na calçada.


Com isso, os entulhos caseiros viram um transtorno para o governo, que gasta fortunas dos cofres públicos para enviar caminhões de coleta e reciclar o lixo ou descartá-lo aos nada eco-friendly lixões. Por outro lado, esse mesmo lixo está sempre na mira de quem passa. Dependendo do que foi descartado, há “lixos” que não ficam mais de uma hora na rua. Logo alguém encosta com o carro e leva o que vale a pena. Recentemente, foi muito noticiado aqui o caso de um senhor, que como milhares de outras pessoas fazem diariamente, se apropriou do lixo na rua, no caso um aspirador de pó novo. O problema é que por conta disso ele foi levado à delegacia. No final, ele não foi preso nem pagou multa, mas o caso do “roubo”do lixo gerou uma discussão séria no país sobre quem detém a posse do lixo. Uns dizem que é o proprietário, outros dizem que é o Estado, a quem cabe coletar e reciclar o lixo. O fato é que a polêmica acabou com a aceitação de que qualquer um pode coletar o lixo, sem maiores consequências, afinal, isso nada mais é do que reciclar também...


E foi isso o que fiz ontem, amparada pela “pseudo-legalidade” de me apropriar do lixo alheio. Reciclei os meus conceitos e confisquei um bem abandonado. Trash, literalmente. Mas não resisti ao ver no lixo em frente à minha casa, uma bike ergométrica perfeita, abandonada e carente, implorando para que a adotassem e a trouxessem novamente à ativa. A ocasião faz o ladrão? Prefiro pensar que a ocasião, nesse caso, fez uma boa ação: o governo economizou com a não-coleta, o meio-ambiente se livrou do entulho por um tempo e o mundo ganhou uma pessoa mais saudável e feliz! Então, bora pedalar sem culpa, para colaborar com um planeta menos careta e um futuro mais sustentável!

Um comentário:

Anônimo disse...

Ma!
Que doidice! Mas o legal é a parte da pessoa mais saudável e feliz!
Se achar mais coisas assim interessntes, tipo telas planas, i-pads, etc, traz aí....

Beijão!