![]() |
Oroboro aborígene, o eterno retorno |
Mais um ciclo termina. Mais um se inicia. |
Na primeira semana em que eu e o Mário chegamos à Melbourne, nos hospedamos na homestay de uma brasileira, pegamos entre 10 e 20 graus e dias lindos de sol. Depois de passarmos o outono e o inverno inteiro debaixo de edredon e guarda-chuvas, nesta última semana aqui o clima voltou a ser exatamente igual ao do começo. E na última noite na cidade, eu e o Mário vamos dormir novamente na homestay da brasileira que nos hospedou no início. É a volta ao ponto de partida.
Nesse tempo todo que passamos aqui, pela terceira vez na vida tivemos o privilégio de conhecer pessoas e lugares, nos conhecemos mais e um ao outro também. Revisitamos conceitos, redescobrimos pequenos prazeres, grande prazeres e relembramos pela terceira vez, da falta que nos fazem família, amigos, nossos bichos, nossos temperos, nosso dinheiro. Relembramos também a falta que não fazem algumas pessoas, preocupações e a rotina.
Pela terceira vez estamos voltando para casa. A bagagem é maior, a consciência das coisas também. Um lar definitivo não espera por nós mais uma vez, e de novo emprego e carros também não. É a chance de um recomeço, no fim de mais uma jornada.
No sábado cedo embarcamos para o Brasil, onde a viagem começou. E chegamos após mais de 20 horas de vôo, na contramão do fuso, à luz do dia, no próprio sábado. Tudo conspira nesse encontro de opostos, para um encontro de iguais. A imagem que fica para mim da estada na Austrália é a de que percorremos um círculo, cumprimos um ciclo, como um oroboro, que simboliza a evolução, a continuidade, o eterno retorno.
Voltaremos para o mesmo lugar, conviveremos com as mesmas pessoas, teremos possivelmente a mesma rotina que tínhamos quando partimos. Mas seremos outros. Nosso retorno encerra nosso terceiro ciclo de peregrinação cigana pelo mundo e inaugura um quarto ciclo, que estou ansiosa para receber, quando pisar no meu velho e bom país, de onde parti há sete meses e para onde pretendo sempre retornar.
Com a certeza de que o mundo dá voltas e que nas suas esquinas elípticas tudo pode acontecer, eu me despeço daqueles que passearam pelo blog. Nos vemos por aí, porque ocasião não há de faltar!